Com "obras inovadoras", dramaturgo norueguês Jon Fosse vence Prêmio Nobel de Literatura
Escritor norueguês ganha prêmio Nobel
O prêmio Nobel de Literatura 2023 foi concedido nesta quinta-feira (5) ao dramaturgo norueguês Jon Fosse por suas obras "inovadoras", anunciou o júri.
Fosse, de 64 anos, foi premiado "por suas obras de teatro e prosa inovadoras que dão voz ao indizível", destacou a Academia Sueca.
Nascido em 29 de setembro de 1959 na cidade de Haugesund, Fosse é um escritor multifacetado e pouco acessível para o grande público. O norueguês, no entanto, é um dos autores vivos cujas peças de teatro mais são encenadas na Europa.
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Comparado com frequência a Samuel Beckett, a obra de Fosse é minimalista, baseada em uma linguagem simples que transmite sua mensagem através do ritmo, da melodia e do silêncio.
Fosse ganhou fama como dramaturgo com 'Nokon kjem til å komme' ("Alguém vai chegar").
Quando foi informado sobre o prêmio, "ele estava dirigindo pelo campo, em direção ao fiorde ao norte de Bergen, na Noruega", disse Mats Malm, secretário permanente da Academia Sueca, após o anúncio.
"Nem sempre acreditam em mim quando ligo para as pessoas desta maneira, mas ele estava preparado para acreditar. Tivemos a oportunidade de falar sobre questões práticas e a semana do Nobel em dezembro", acrescentou.
Grande variedade de gêneros
"Sua imensa obra escrita em norueguês nynorsk (uma das formas linguísticas escritas da Noruega) e que abrange uma grande variedade de gêneros consiste em uma riqueza de peças, romances, poemas, ensaios, livros infantis e traduções", afirmou o júri.
"Apesar de ser um dos dramaturgos mais representados no mundo, ele também é cada vez mais reconhecido por sua prosa".
Suas obras foram traduzidas para quase 50 idiomas.
A editora norueguesa Samlaget informou que suas obras já foram encenadas mais de 1.000 vezes ao redor do mundo.
"As pessoas não leem meus livros pelas tramas", disse o escritor ao Financial Times em 2018. "Não escrevo sobre personagens no sentido tradicional da palavra. Escrevo sobre a humanidade", declarou Fosse ao jornal francês Le Monde em 2003.
O Nobel concede uma medalha e um prêmio de 11 milhões de coroas suecas (um milhão de dólares, cinco milhões de reais).
Em 2022, a vencedora do Nobel de Literatura foi a francesa Annie Ernaux, ícone feminista, conhecida por seus livros baseados em experiências pessoais, de classe e de gênero.
A Academia foi criticada por muito tempo pelo excesso de autores ocidentais brancos entre os vencedores.
Desde o movimento #MeToo em 2018, a Academia adotou reformas importantes e prometeu um prêmio de Literatura mais global e igualitário em termos de gênero.
Desde então, três mulheres foram premiadas - Annie Ernaux, a poeta americana Louise Gluck e a polonesa Olga Tokarczuk -, assim como três homens - o austríaco Peter Handke, o escritor tanzaniano Abdulrazak Gurnah e Fosse.
Jon Fosse receberá o Nobel das mãos do rei Carl XVI Gustaf em uma cerimônia oficial em Estocolmo, no dia 10 de dezembro, data de aniversário da morte do cientista Alfred Nobel (1833-1896).