CRÍTICA

"Nosso Sonho": filme sobre Claudinho e Buchecha é tão carismático quanto a dupla

Filme traz os atores Juan Paiva e Lucas Penteado para contar a trajetória de superação dos cantores de funk

Claudinho e Buchecha são retratados em "Nosso Sonho"Claudinho e Buchecha são retratados em "Nosso Sonho" - Foto: Angelica Goudinho/Divulgação

Nos anos 1990, nem os próprios Claudinho e Buchecha poderiam imaginar que ouvi-los cantar o refrão “nossa história vai virar cinema” soaria, hoje, como uma espécie de profecia. Quase três décadas após “estourar”, levando o funk melody para todo o Brasil, a dupla tem sua história contada no filme “Nosso Sonho”, que estreia nesta quinta-feira (21) nas salas de cinema. 

Dirigido por Eduardo Albergaria (“Happy Hour - Verdades e Consequências”), o longa-metragem não foge muito à fórmula de outras cinebiografias de artistas nacionais. Como em “Dois Filhos de Francisco”, a obra mostra a trajetória de superação e conquista dos protagonistas, acompanhando os seus passos desde a periferia do Rio de Janeiro até os shows com plateias lotadas.

Sem tentar “inventar a roda”, o filme executa bem aquilo que propõe fazer, com boas escolhas desde o roteiro até a escalação do elenco. Até pela curta discografia que a dupla apresenta, a música não é o foco das ações, embora os principais hits dos funkeiros surjam para embalar momentos essenciais da trama. 
 

“Nosso Sonho” acerta ao mirar nas relações pessoais. A conturbada convivência entre Buchecha e seu pai, um compositor frustrado e entregue ao alcoolismo, ganha especial destaque. O roteiro apresenta esse relacionamento permeado por ambiguidades, assim como outras dificuldades enfrentadas pelos protagonistas, com a carga certa de dramaticidade, sem deixar de entregar um filme leve e alegre, como são os seus personagens principais. 

Outro ponto central do enredo é a forte amizade entre Claudinho e Buchecha, interrompida pela morte do primeiro, em um acidente de carro, aos 26 anos, em 2002. Diante desse fato, Claudinho é representado no filme como uma espécie de anjo da guarda, que, por diversas vezes, salva a vida do amigo e o guia para o sucesso. Essa simbologia, no entanto, joga o personagem para o papel de coadjuvante. Pouco é dito sobre as aspirações, sonhos e gostos do cantor. No fim das contas, o longa parece ser mais sobre Buchecha do que sobre a dupla. 

Para dar vida a duas das figuras mais carismáticas da música brasileira nos últimos anos, a produção escolheu dois atores igualmente simpáticos. Juan Paiva (Buchecha) e Lucas Penteado (Claudinho) conseguem transmitir a mesma jovialidade que a dupla exalava em suas músicas e nas aparições televisivas, mas sem soarem como caricaturas. Outro destaque é Nando Cunha, que vive o pai de Buchecha. Experiente, o ator consegue defender bem um papel cheio de camadas. 

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