Nova exposição de Roberto Ploeg traz personagens retratados com realismo
Mostra 'Ploeg e outras narrativas', que ocupa a Arte Plural Galeria, celebra os 65 anos do artista
As pinturas que compõem a exposição “Ploeg e outras narrativas”, em cartaz na galeria Arte Plural, podem ser compreendidas através de pontos de vista sociológicos, afetivos e pictóricos. Esses três aspectos, aliás, marcam a obra do artista plástico Roberto Ploeg como um todo.
Há também uma dimensão comemorativa nesta nova mostra. Além de celebrar os 15 anos da galeria, ela marca os 65 anos de vida e os 25 de carreira artística profissional do pintor. Nascido na Holanda, ele vive no Brasil desde 1979. Atraído pela Teologia da Libertação, aceitou o convite feito por Dom Hélder Câmara e, atrelado ao curso de mestrado em Teologia, passou a atuar em comunidades de base em Pernambuco.
Mesmo após seu desligamento dos trabalhos da Igreja Católica, Ploeg continuou atuando como educador popular. Essa vivência influenciou fortemente a arte desenvolvida por ele. Algumas das pessoas com quem conviveu em comunidades estão retratadas em obras da mostra. “Minha referência e minha leitura do Brasil têm um lugar, que é o da periferia”, declara o artista.
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O engajamento político do pintor surge refletido em sutis críticas sociais. Em “Um rei africano em Olinda”, por exemplo, faz menção ao apagamento histórico e à repressão policial sofridas pelo povo negro no Brasil ao retrata um gari segurando uma vassoura como se fosse um cetro, com um posto policial ao fundo. Em outras peças da exposição é a compreensão da pintura em si que atrai o holandês, que vez ou outra revisita as obras de grandes pintores europeus, como Johannes Vermeer e Rembrandt.
Ao todo, a exposição traz 21 quadros, todos em óleo sobre tela, produzidos em diferentes épocas. A grande maioria retrata pessoas do convívio de Ploeg, como filhos, amigos, primos, mãe e vizinhos, além de um auto-retrato que recebe o visitante logo na entrada da galeria.
“Você pode notar que, em boa parte dos retratos, as pessoas te encaram. Eu digo que essa exposição não é só para ver, mas também para ouvir. Contamos 47 pessoas povoando as paredes da galeria, todas querendo dizer algo para a gente. Mesmo estando em silêncio, o negócio é tentar ver e ouvir qual é a narrativa que a pintura expressa”, comenta.
Ao retratar figuras humanas, o pincel de Ploeg é guiado pelo realismo. O estilo, como o próprio artista confessa, vem da herança cultural holandesa e, para ele, vai além de um sentido unicamente mimético. “A arte realista não é simplesmente reproduzir a realidade, mas criar imagens. No fundo, a tela em branco é um palco de teatro, onde eu posso fazer o que quiser. Tudo o que eu coloco lá é pensado, nada é por acaso”, afirma.
O catálogo da exposição “Ploeg e outras narrativas” está disponível digitalmente, através do site da Arte Plural. Também é possível realizar visitas presenciais às segundas, quartas e sextas, das 10h às 17h. Aos sábados, grupos de até oito pessoas poderão participar de visitas guiadas com a presença do artista, mediante agendamento por telefone ou email.