Novo filme de Carolina Markowicz, "Pedágio" volta a abordar homofobia; saiba mais
A trama estreia nesta quinta-feira (30) nos cinemas do Brasil
Para fechar um ano forte para as produções audiovisuais brasileiras depois de obras como “Retratos Fantasmas”, “Cangaço Novo” e “Perlimps”, chega aos cinemas “Pedágio”. Dirigido por Carolina Markowicz, que a um ano lançou "Carvão", o longa tem estreia marcada para esta quinta-feira (30).
Premiado, “Pedágio” ganhou troféus na última edição do Festival do Rio, que aconteceu entre os dias 5 e 15 de outubro, passou pela Mostra de Cinema de São Paulo, além de um destaque internacional com exibições nos festivais de Roma, San Sebastián, Vancouver, Bordeaux e Toronto, ao lado de nomes como Spike Lee, Pedro Almodóvar e Patricia Arquette.
A trama conta a história de Suellen (Maeve Jinkings), uma atendente de pedágio que está inconformada com a orientação sexual do filho e decide usar seu trabalho para fazer uma renda extra ilegalmente. A cada delito, ela junta uma grana para uma “causa nobre”: financiar a ida de seu filho à caríssima cura gay ministrada por um famoso pastor estrangeiro.
“Apesar de ser da comunidade, eu tive sorte com relação à minha própria família. Mas com pessoas muito próximas eu acompanhei situações bem dolorosas, então é como se fosse comigo. Eu cresci no interior também, que evidentemente é um lugar muito conservador. Existe uma vigilância das pessoas, papéis sociais (principalmente para mulheres) além de ser super homofóbico. Então eu acho que tudo isso foi fomentando essa minha vontade e necessidade de falar sobre esse tema”, conta Carolina Markowicz, em entrevista para a Folha de Pernambuco.
Enraizado na realidade brasileira, o filme explora os temas de preconceito e da vida no interior com um humor ácido. O drama é cheio de nuances e não tem medo de expor a hipocrisia encontrada no dia a dia (que acontece mais ainda no interior), além de situações tristes que nós sabemos que são extremamente comuns.
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A película não herda só coisas interessantes do nosso País e cai no velho maneirismo do cinema nacional de passar muito tempo explorando seus personagens sem mostrar muita coisa em tela, além de se escorar no fato de se passar no Brasil. Às vezes pode ser monótono até para os mais curiosos sobre o assunto, mas pode ainda trazer formas inovadoras de tratar de temáticas difíceis. Os personagens ganham um certo desprezo dos espectadores, mas a atuação e o roteiro conseguem dissecar a mente do preconceito de uma forma divertida e que, no final, deixa uma série de reflexões na mende de quem a assiste.
“A gente vive um momento de discursos ultra conservadores e discursos de ódio. Isso tudo ficou tão pesado que para mim se tornou muito difícil me aproximar de determinadas pessoas. E elas não são necessariamente pessoas ruins. Aí eu acho que de alguma maneira me debruçar sobre esses personagens, que são tão distantes do que eu acredito, me permite que eu compreenda, por exemplo, as mães que estão ali vivendo um conflito com os filhos delas. Porque elas amam os filhos delas”, explica Maeve Jinkings sobre interpretar a protagonista do filme.