Novo imortal da APL, Mário Hélio fala sobre eleição para a casa: "Instituição cada vez mais aberta"
O jornalista e escritor foi escolhido para ocupar a cadeira 24, que tem Joaquim Nabuco como patrono
A Academia Pernambucana de Letras (APL) elegeu o escritor e jornalista Mário Hélio Gomes de Lima como seu mais novo imortal. Escolhido em votação realizada na sede da instituição, no bairro das Graças, ele ocupará a vaga deixada pelo médico, ator e teatrólogo Reinaldo de Oliveira, que morreu em 2022.
Caberá ao novo acadêmico sentar-se na cadeira de número 24, que possui como patrono ninguém menos do que Joaquim Nabuco. “É uma coincidência feliz e, ao mesmo tempo, traz a responsabilidade de que a minha atuação na academia colabore para que ela seja ainda mais forte como instituição de cultura com inserção na sociedade, cada vez mais aberta e reconhecida”, apontou Mário Hélio, em entrevista para a Folha de Pernambuco.
Terceira casa literária do Brasil, a APL foi fundada em 26 de janeiro de 1901, por Carneiro Vilela e outros escritores. Após 122 anos, a instituição busca se conectar ao público por meio de ações culturais contínuas, como exposições, palestras, lançamentos de livros e concursos literários.
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Ainda não há previsão de quando será realizada a posse de Mário Hélio, mas o escritor já projeta como será sua relação com os demais acadêmicos e qual será o papel que deve desempenhar entre eles. “Eu atuei em várias instituições, seja trabalhando com gestão cultural, jornalismo ou literatura. No entanto, acho melhor que os meus colegas, sabendo do perfil que tenho, me digam com o que posso colaborar melhor. O meu propósito de entrar na APL não tem a ver com a vaidade de ser acadêmico, mas sim com a possibilidade de estar em uma instituição cultural com trabalho voluntário, fortalecendo o resultado do esforço coletivo”, aponta.
Olhando para os próximos anos, o futuro acadêmico vislumbra uma academia com mentalidade do século 21. “A ideia de imortalidade, ao meu ver, não deve ser do indivíduo, mas sim da instituição. Ela vai se adaptando às exigências e possibilidades do seu tempo. O grande desafio é fazer, sem esquecer de que ela é guardiã de um legado que envolve memória e humanismo”, defende.
Sobre o novo imortal da APL
Mário Hélio tem 58 anos e é paraibano, nascido na cidade de Sapé. Ele é mestre em História pela Universidade Federal de Pernambuco e doutor em Antropologia pela Universidade de Salamanca, na Espanha.
O escritor tem 12 livros publicados. Sua escrita passeia entre a prosa e a poesia, abraçando temas da antropologia, da sociologia e da reportagem biográfica. Ele é o autor de “Armando Monteiro Filho: Flashes da vida e do tempo”, biografia do ex-ministro e empresário pernambucano.
Somente sobre Gilberto Freyre e sua obra, Mário Hélio possui quatro obras publicadas: “O Brasil de Gilberto Freyre”, “ Casa-Grande & Senzala: o livro que dá razão ao Brasil mestiço e pleno de contradições”, “Gilberto Freyre Educado” e “A História Íntima de Gilberto Freyre”.
Entre os títulos de destaque do autor, estão “O Recife melhor do que Paris”,“Cícero Dias - Uma vida pela pintura”, “Livrório/Opus Zero” e “Brasil profundo, Espanha Negra”. O paraibano radicado no Recife também assinou trabalhos sobre Manuel Bandeira, João Cabral de Melo Neto e outros nomes do modernismo.
Além de repórter e colunista de literatura, Mário foi curador literário da Fliporto, coordenador-geral da Editora Massangana e diretor de Memória, Educação, Cultura e Arte da Fundação Joaquim Nabuco. Ele é membro do Pen Club Brasil, organização de escritores fundada no Rio de Janeiro, e da Associação Espanhola de Antropologia Aplicada.
Mário Hélio foi recentemente convidado para trabalhar como superintendente na Companhia Editora de Pernambuco (Cepe). Ele passou a coordenar e editar o Suplemento Cultural do Estado e a revista Continente, da qual foi fundador.