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Literatura

Novo romance de Maurício Melo Júnior traz o Recife dos anos 1920

Publicado pela Cepe, “Não me empurre para os perdidos" ganha lançamento nesta sexta-feira

Maurício Melo Júnior, autor de "Não me empurre para os perdidos"Maurício Melo Júnior, autor de "Não me empurre para os perdidos" - Foto: Rogério Alves/Divulgação

A efervescência intelectual do Recife nos anos 1920, época em que a cidade passou por grandes mudanças, inspirou o escritor e jornalista Maurício Melo Júnior em seu novo livro. Editado pela Cepe, o romance “Não me empurre para os perdidos" ganha lançamento nesta sexta-feira (13), às 19h, com um bate-papo transmitido pelo YouTube, dentro da programação do Circuito Cultural Digital de Pernambuco. 

O livro conta a história de um misterioso escritor e tradutor estrangeiro, reconhecido apenas como F., que chega à Capital pernambucana em 1924. Por aqui, o personagem fictício passa a frequentar, durante nove dias, os mesmos ambientes que os grandes pensadores locais costumavam visitar. 

“Sempre achei interessante a década de 1920 no Recife. Nomes como Gilberto Freyre, Joaquim Cardoso e Joaquim Inojosa se reuniam no Café Lafayette para discutir a questão da modernidade, partindo do pressuposto de que era necessário um certo respeito pelo passado. Era o contrário do que defendiam os paulistas, que queriam negar tudo o que veio antes para criar um suposta modernidade”, explica Maurício. 

Essa relação entre o arcaico e o moderno em Pernambuco norteia a trama desenvolvida pelo autor. A presença do protagonista, que narra a história em primeira pessoa, traz uma perspectiva estrangeira para o assunto. Algumas referências utilizadas por Maurício sugerem uma ligação entre o personagem e o escritor tcheco Franz Kafka, embora o autor de “A metamorfose” não seja diretamente citado no livro.

“Li que Kafka morreu em 1924 e, entre a morte e o sepultamento, se passaram nove dias. Foi algo que chamou a minha atenção, porque pela tradição judaica o enterro é feito de imediato. Nenhuma biografia, no entanto, explica o motivo de tanta demora. Sei que ele sempre sonhou em vir para a América. Chegou até a escrever um livro chamado “América”, que se passa em Nova York. Eu preferi trazê-lo para a América do Sul, mas precisamente ao Recife. Mas não é do Kafka que eu estou falando de fato. Ele serve mais como uma inspiração”, comenta. 

Pernambucano natural de Catende, Maurício vive há 40 anos em Brasília. Por lá construiu carreira como repórter cultural e crítico literário. Desde 2001, ele apresenta o programa “Leituras”, na TV Senado, em que já entrevistou diferentes escritores. “Nesta minha convivência com autores, sempre conversei muito sobre o ato de escrever. Em todo o romance, a grande discussão do F. é como ele deve envolver o leitor. Essa necessidade de seduzir o público norteia os passos dele”, afirma.

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