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AUTO DA COMPADECIDA 2

"O Auto da Compadecida 2" estreia nesta quarta-feira (25) nos cinemas; leia a crítica do filme

Diretor pernambucano Guel Arraes revisita seu longa de maior sucesso

"O Auto da Compadecida 2" estreia nesta quarta (25) no cinemas"O Auto da Compadecida 2" estreia nesta quarta (25) no cinemas - Foto: Laura Campanell

É Natal e o presente que o cinema nacional oferece ao público é nostalgia. “O Auto da Compadecida 2”, aguardada sequência que chega hoje aos cinemas, faz deste sentimento seu principal atrativo e sua força motriz, mas passa longe de repetir a comoção causada pelo antecessor.

Lançado primeiramente como minissérie e transformado em filme em 2000, o primeiro “O Auto da Compadecida” é, sem dúvidas, uma das mais amadas obras da cinematografia brasileira.

Um patamar que torna a ideia de dar continuidade ao longa-metragem, mais de 25 anos depois, ao mesmo tempo, mais do que natural e um grande risco.  

Entre prós e contras, o diretor pernambucano Guel Arraes resolveu revisitar seu filme de maior sucesso. Agora, ele divide a direção com Flávia Lacerda, que era sua assistente na primeira vez.

 

Continuidade sem Ariano
Um dos principais entraves para a realização de uma sequência do aclamado longa sempre foi o texto. Afinal, Ariano Suassuna - autor da peça que originou o filme - morreu em 2014, sem jamais ter escrito uma nova aventura para os seus personagens mais famosos.

Coube a Guel, juntamente com João Falcão e com autorização da família do escritor, criar uma trama original.

O roteiro busca manter certa fidelidade ao universo criado por Ariano, inclusive, buscando referências de outra peça do dramaturgo, “A Farsa da Boa Preguiça”.

Temas centrais tratados pelo paraibano no “Auto”, como a mercantilização da fé, a miséria e a exploração do povo pobre pelos mais ricos, são reciclados nesta nova obra.

Chicó e João Grilo
Chicó (Selton Mello) seguiu sua vida na pacata Taperoá, vendendo santinhos esculpidos em madeira e contando a milagrosa história da ressurreição de João Grilo (Matheus Nachtergaele) para os visitantes.

Seu grande amigo, que há mais de duas décadas não aparecia, ressurge de surpresa na cidade e rapidamente encontra uma nova forma de ganhar dinheiro, ludibriando os poderosos da região.

“O Auto da Compadecida 2” caminha olhando o tempo todo para o retrovisor. Ora recuperando cenas do primeiro filme em flashbacks, ora recriando estruturas narrativas do antecessor.

Depois de aprontar todos no mundo dos vivos, João Grilo morre e é levado novamente a julgamento, na presença de Jesus, do Diabo e de Nossa Senhora, aqui interpretada por Taís Araújo.

Sem muitas inovações no roteiro, o filme busca algum frescor na abrupta mudança estética que empreende. Sai a ambientação de Cabaceiras, na Paraíba (que em 1999 foi usada para dar vida a Taperoá), e entra um cenário criado totalmente em estúdio e com auxílio de computação gráfica. 

Crédito: Laura Campanell

Embora dialogue com a origem teatral da obra, a escolha traz um tom artificial que, somado às propagandas inseridas na trama, fazem tudo parecer uma grande peça publicitária.  

A força da sequência é mesmo a amizade de João Grilo e Chicó, interpretados por dois dos maiores atores de sua geração.

Selton Mello e Matheus Nachtergaele parecem que nunca deixaram os personagens, conseguindo retomá-los sem que o peso do tempo seja sentido na tela.
 

Crédito: Laura Campanell

Já os novos personagens trazidos para a trama - embora bem interpretados por nomes como Humberto Martins, Luis Miranda, Eduardo Sterblitch e Fabiula Nascimento - não despertam o mesmo interesse, servindo mais como “escada” para que a dupla possa brilhar novamente.

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