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"O Brutalista": com dez indicações ao Oscar, filme estreia nesta quinta-feira (20) no Brasil

Longa-metragem conta com 3 horas e 36 minutos de duração, com 15 minutos de intervalo

Filme "O Brutalista"Filme "O Brutalista" - Foto: Divulgação

Faltando pouco mais de uma semana para conhecermos os vencedores do Oscar 2025, um dos favoritos na disputa pela estatueta de Melhor Filme chega aos cinemas brasileiros. Com dez indicações, “O Brutalista” estreia nesta quinta-feira (20) e, assim como o brasileiro “Ainda Estou Aqui”, revisita o passado (ainda que em uma narrativa inventada) para espelhar o presente.

O longa-metragem do diretor Brady Corbet é protagonizado por Adrien Brody - de volta à corrida pelo prêmio da Academia 22 anos após ser consagrado por “O Pianista” (2002). Mais uma vez ele interpreta um homem judeu vitimado pelos horrores da Segunda Guerra Mundial.

László Toth - personagem de Brody - é um fictício arquiteto húngaro. Sobrevivente do holocausto, ele deixa a família na Europa para viver nos Estados Unidos, em busca de uma suposta liberdade. A “terra das oportunidades”, no entanto, logo se mostra um ambiente hostil para quem vem de fora, o que imediatamente nos remete ao atual cerco do presidente Donald Trump aos imigrantes.

Após um negócio fracassado ao lado do primo, Toth cai nas graças do magnata Harrison Lee Van Buren (Guy Pearce), que reconhece seu talento e resolve incumbí-lo de construir um megalomaníaco monumento em homenagem a sua falecida mãe. O que parece um ato generoso no primeiro momento, se torna uma grande armadilha.

A relação que se estabelece entre os dois a partir de então ilustra bem as dinâmicas de poder em um contexto capitalista. O rico americano não se intimida em expor o arquiteto como uma aquisição exótica aos seus pares brancos, enquanto utiliza seu dinheiro para comprar não só a arte daquele estrangeiro, mas também sua alma.    

“O Brutalista” dá o seu recado sem afobações, construindo as tensões aos poucos e, na maioria das vezes, de forma subliminar. São 3 horas e 36 minutos de duração - com 15 minutos de intervalo, contados no telão, para quem quiser ir ao banheiro, comer alguma coisa ou simplesmente processar tudo o que viu até o momento.

Ao chegar na segunda parte, o filme perde um pouco de sua sutileza e passa a escancarar os sentimentos. É quando um atormentado Toth grita, enquanto dirige de forma perigosa: “Eles não querem a gente aqui”. Ainda assim, Brady Corbet não “perde a mão” em nenhum  momento, dosando bem os momentos de contenção e fúria.

A chegada de Erzsébet (Felicity Jones) e Zsófia (Raffey Cassidy), esposa e sobrinha do arquiteto, adiciona uma nova camada de drama à situação de Toth. Sofrendo com uma doença nos ossos, a mulher passou a depender de uma cadeira de rodas, fato que escondeu do marido nas cartas trocadas por eles.

Apesar da boa atuação de Jones, a atriz esbarra em um roteiro falho no desenvolvimento de suas personagens femininas. Mesmo tendo sua capacidade intelectual exaltada, Erzsébet vive à sombra do marido, demonstrando seu amor devotado com falas e atitudes que configuram uma clara dependência emocional.

Jogando para longe as desconfianças geradas pelo polêmico uso de Inteligência Artificial (um software ajustou o sotaque em um diálogo em húngaro), “O Brutalista” faz jus aos prêmios que vem arrematando. Reunindo atuações impactantes e uma fotografia capaz de traduzir em texturas, formas e cores a crueza contida no roteiro, o longa se consagra como um verdadeiro épico. Uma obra de aspirações um tanto pretensiosas, mas que, sem dúvidas, não passa despercebida.    
 

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