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CINEMA

"O Sequestro do Voo 375" estreia nesta quinta-feira (7), baseado em história real

Filme retrata caso de 1988, quando um homem sequestrou um avião com o objetivo de matar o presidente do Brasil

Filme "O Sequestro do Voo 375"Filme "O Sequestro do Voo 375" - Foto: Estúdio Escarlate/Divulgação

O dia 29 de setembro de 1988 ficará para sempre marcado na história da aviação brasileira. Foi nesta data que o tratorista maranhense Raimundo Nonato Alves da Conceição, após ser demitido e ver sua família em uma condição financeira difícil, sequestrou o voo 375 da extinta companhia aérea VASP, com a intenção de lançar o avião contra o Palácio do Planalto. 

Embora tenha repercutido muito na época, o caso caiu no esquecimento ao longo dos anos, mas deve voltar a ser assunto agora, com o lançamento de um filme sobre ele. “O Sequestro do Voo 375”, que estreia nos cinemas nesta quinta-feira (7), reconstrói os acontecimentos daquilo que, por pouco, não se tornou o 11 de setembro brasileiro. 

Assinado pela Estúdio Escarlate, com coprodução da Star Original Productions e distribuição pela Star Distribution, o longa-metragem tem direção de Marcus Baldini. A ideia de produzir o filme veio do jornalista Constâncio Viana, que empreendeu uma longa pesquisa sobre o sequestro com a ideia de fazer um documentário. Ao procurar a produtora Joana Henning, ele foi convencido de que seu projeto poderia inspirar um roteiro baseado em uma história real. 
 

“É um evento muito marcante, com vários elementos e camadas que justificam uma cinematografia, inclusive, voltada para a experiência da sala de cinema”, relembra Joanna, em entrevista à Folha de Pernambuco. A produtora destaca os esforços empreendidos para tirar a ideia do papel, buscando ser fiel aos detalhes da época retratada. 

Desafios do projeto
“Essa história traz um desafio técnico muito grande. [Não foi fácil] juntar as soluções para fazer o filme no avião, dando a ele o tom certo, tendo acesso às estruturas que a gente precisava e o investimento em si, sendo um longa para além do patamar médio do cinema nacional. Isso tudo com uma pandemia no meio e uma eleição simbólica para o País”, diz Joanna. 

Ao assumir a direção do projeto, Baldini trouxe na bagagem a experiência de ter conduzido outros trabalhos inspirados em personagens reais, como o filme “Bruna Surfistinha” e a série “O Rei da TV”, sobre Silvio Santos. “O que você está mostrando, talvez, não seja exatamente como aconteceu, mas a essência do personagem nunca pode ser traída. Acho que isso é o mais importante. Nesse filme, também foi preciso cuidado com a parte técnica [do que envolve pilotar um avião]. Para isso, contamos com a ajuda de consultores da Aeronáutica”, conta o diretor. 

Personagens centrais
O ator Danilo Grangheia interpreta o comandante Murilo. De volta ao trabalho após uma suspensão por quase ter provocado uma greve de sua categoria, o piloto se vê responsável pelas vidas de mais de 100 pessoas a bordo, enquanto permanece na mira do sequestrador. Inflexível, Nonato - vivido por Jorge Paz - planeja matar o presidente José Sarney, que ele considera culpado pelos infortúnios do País.   

Na construção do seu personagem, Jorge visou as nuances do roteiro que o caracterizavam não apenas como um criminoso, mas algo mais complexo. “Estava muito claro para mim que esse homem não era somente um vilão. Vejo um ser humano sendo bombardeado por sensações, como raiva e, talvez, arrependimento”, analisa. 

Enquanto Danilo e Jorge representam pessoas reais, a atriz Roberta Gualda vive uma personagem fictícia inserida na trama. Luzia é uma operadora de voo que, lutando para ser reconhecida em um trabalho dominado por homens, emprega sua inteligência nas negociações com o sequestrador. 

“Ela é peça chave na condução da ação, por ter o elemento da empatia e conseguir criar um canal de comunicação com o Nonato, algo que os colegas dela não estavam conseguindo. Então, ela fura essa bolha dos homens e tenta conduzir a situação da forma mais tranquila possível”, detalha Roberta. O elenco do longa traz ainda nomes como Juliana Alves, Cesar Melo, Gabriel Godoy, Wagner Santisteban, Arianne Botelho, Adriano Garib e Claudio Jaborandy.

Exigência física e mental
O clima de tensão impera em quase todo o tempo de duração do filme. Para Danilo, a forma como a agenda de gravações foi organizada contribuiu para os atores conseguirem transpassar o mesmo nível de estresse e adrenalina. “As minhas cenas com o Jorge no cockpit foram agrupadas em uma semana. Não foi exatamente um facilitador, mas foi um material interessante para a gente ver até onde seria possível chegar”, fala. 

Para parte do elenco, o trabalho de atuação envolveu uma dose extra de desafio. Como a maioria das cenas ocorre dentro de um avião, os atores precisaram ser coreografados, simulando o movimento do corpo durante um voo. “Acho que, para qualquer ator que fizesse esse filme no Brasil, isso seria algo inédito. Foi muito interessante, porque exigia muito do nosso físico. Todo chacoalhar da aeronave era a gente que representava com o corpo. Claro que isso com uma preparação anterior. Então, foi muito trabalhoso, mas também foi divertido”, revela Jorge.
 

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