Obras de Tarsila do Amaral envolvidas em golpe no Rio sobreviveram a incêndio há 10 anos
Pinturas da artista modernista, "O Sono", "Sol Poente" e "Pont Neuf" foram salvas de apartamento em chamas em agosto de 2012
As três obras de Tarsila do Amaral envolvidas no golpe milionário de uma mulher contra a própria mãe estiveram no centro de um trágico episódio no campo da arte há 10 anos, quando o apartamento da família, em Copacabana, na Zona Sul do Rio, pegou fogo. O incêndio de 13 de agosto de 2012 destruiu cerca de 10% do acervo particular, incluindo o célebre quadro “Samba” (1925), de Di Cavalcanti, avaliada à época em R$ 50 milhões. Entre as obras que foram salvas, muitas precisaram de restauração devido aos danos causados pela fumaça e pela água que derrotou as chamas.
Uma década depois, as pinturas da artista modernista, “O Sono”, “Sol Poente” e “Pont Neuf”, voltam a chamar atenção por terem sido alvo de um plano arquitetado pela filha da vítima. A operação policial inclusive recebeu o nome de Sol Poente, um dos quadros recuperados. Parte do roubo, porém, já não está mais no país. Duas obras foram vendidas para o Museu de Arte Latino-Americana (Malba), em Buenos Aires, na Argentina.
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Prejuízo de R$ 725 milhões
Houve ainda outros itens valiosos roubados, como 21 joias e três relógios Rolex, avaliados em R$ 6 milhões, além de pagamentos em dinheiro aos integrantes da quadrilha. Ao todo, o prejuízo ficou estimado em R$ 725 milhões, mas a polícia já conseguiu recuperar cerca de 40% desse valor.
A filha da vítima foi presa, assim como outras três pessoas. Ainda faltam ser cumpridos outros dois mandados de prisão para a dupla que está foragida. De acordo com os investigadores, os suspeitos cometeram os crimes de estelionato, roubo, extorsão, cárcere privado e associação criminosa.
Como ocorreu o golpe
A idosa foi ludibriada pelo grupo, que ofereceu tratamento espiritual para uma de suas filhas em troca de dinheiro. Ao desconfiar que estivesse sendo vítima de um golpe, a vítima não quis mais realizar os pagamentos e passou então a ser mantida em cárcere privado, em seu apartamento, na Zona Sul do Rio, pela filha, entre fevereiro de 2020 e abril de 2021.
Durante o cárcere, a idosa chegou a ser agredida, privada de alimentação e teve uma faca colocada em seu pescoço para que fizesse a transferência de valores. Ela descobriu que todo o golpe havia sido articulado pela filha, que também passou a vender obras de arte para uma galeria em São Paulo.
Entre as obras levadas pela filha estavam "O menino", de Alberto Guignard; "Mascaradas", de Di Cavalcanti; "Maquete para o meu espelho"; de Antônio Dias; e "Elevador Social"; de Rubens Gerchman.