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CENTENÁRIO PAULO FREIRE

Ocupação no Itaú Cultural é dedicada ao centenário de Paulo Freire

"Ocupação" da instituição mergulha na trajetória do educador pernambucano, desde o nascimento no Recife, em 1921, até a morte em São Paulo, em 1997

Ilustração de Francisco Brennand, para o PNAIlustração de Francisco Brennand, para o PNA - Foto:

O educador pernambucano Paulo Freire, dentre as inúmeras celebrações ao seu centenário, ganha espaço no Itaú Cultural, em São Paulo, a partir deste sábado (18) até o dia 5 de dezembro com a “Ocupação Paulo Freire”. 

Além da exposição presencial, atividades online – com encontros semanais com intelectuais que estudam ou conviveram com o educador, podcast e porgramação organizada pelos educadores da instituição, integram a programação virtual, que pode ser acessada no site da instituição (www.itaucultural.org.br/ocupacao).  

 

Crédito: Amâncio Chiodi

Complementa a Ocupação uma publicação impressa com artigos, depoimentos e entrevistas de convidados representantes de diferentes áreas de conhecimento e expressão, como saúde, segurança, música, teatro, fotografia, arquitetura, inclusão, educação e sua internacionalização. 

 

Mostra
Com expografia assinada por Thereza Faria, a mostra ocupa a sala Multiuso do Itaú Cultural. Ela acompanha a trajetória de Freire, desde o nascimento, em 1921, passa pelo desenvolvimento do seu método de alfabetização – que, implantado em Angicos (RN) acabou ganhando dimensão internacional – e o segue nos diferentes países onde viveu, durante o exílio forçado pelo período militar, até seu retorno e atuação no Brasil, onde morreu em 1997.

Trata-se da 53ª mostra da série Ocupação realizada no Itaú Cultural - que desde 2009 fomenta o diálogo de novas gerações de artistas e intelectuais com os criadores que a influenciaram. 

A Ocupação Paulo Freire começou a ser planejada há mais de dois anos. Por causa da pandemia, teve sua produção realizada inteiramente online. A mostra integra a rede de instituições parceiras da 34ª Bienal de São Paulo. 

Exposição
Uma animação com as páginas manuscritas de “Pedagogia do Oprimido”, o mais conhecido livro de Freire, abre o caminho para a exposição. Um mapa interativo, chamado "Paulo Freire no Mundo", a encerra, mostrando os lugares que o educador alcançou nos continentes com a sua obra, o trabalho de alfabetização de adultos e o compartilhamento de saber e ideias sobre a educação.   

Entre a animação e o mapa, a exposição se estende, sendo dividida em quatro eixos – Formação, Angicos, Exílio e Retorno. 

No conjunto, apresenta cerca de 140 peças, entre 60 fotografias que registram Freire nas mais diversas situações e localidades no Brasil e no exterior, vídeos e dezenas de seus originais – do Livro do Bebê, feito pelos seus pais quando ele nasceu, a manuscritos de sua autoria, como À sombra desta mangueiraPedagogia da Esperança e Pedagogia da Autonomia.

São originais também poemas e cartas, enviadas por ele e recebidas. Ainda, ali se encontram suas marginálias encontradas em livros de autores como o pintor Johann Moritz Rugendas, Erich Fromm, Aldous Huxley, Jacques Maritain ou Caio Prado Júnior, que ele lia e hoje fazem parte do conjunto nomeado pelo Instituto Paulo Freire de Biblioteca Pré-golpe.

 

Crédito: Instituto Paulo Freire

Cartazes e ilustrações utilizados nas chamadas 40 horas de Angicos, nome do município do Rio Grande do Norte onde, pelo método freireano, cerca de 300 pessoas foram alfabetizadas em alguns dias, também fazem parte da mostra. 

O eixo Formação traz a nordestinidade de Paulo, com destaque para a sua infância, a família, a casa em que nasceu e se alfabetizou, no Recife – onde havia a mangueira sob a sombra da qual escreveu as primeiras palavras usando gravetos.

Em Angicos, de 1960 a 1964, encontra-se grande número de documentos e imagens que remetem a esta pequena cidade do Rio Grande do Norte e esmiúçam a experiência de alfabetização que ali desenvolveu. Entre eles, a documentação elaborada por Freire para a formação dos educadores envolvidos na experiência, material pedagógico e como eram feitas as aulas.

Destaque, ainda, para documentos sobre o Plano Nacional de Alfabetização e outras aplicações do Sistema de Alfabetização Paulo Freire – o planejamento dos círculos de cultura pelo país e as experiências de alfabetização aplicadas no Acre, Rio de Janeiro, Santa Catarina, São Paulo, Distrito Federal.

Exílio, abrange 1964 a 1980, quando o golpe civil-militar o fez permanecer em exílio por 16 anos.  Há registros de sua saída do Brasil pela Bolívia antes de se instalar no Chile, onde escreveu Pedagogia do Oprimido, além de seus anos vividos nos Estados Unidos e na Suíça, suas atuações, na década de 1970, no Instituto de Ação Cultural (Idac) e a liderança de programas de educação e alfabetização em países africanos.

 

Ilustração de Francisco Brennand para p PNA

Por fim, o eixo Retorno, de 1980 a 1997, mostra a vida de Paulo Freire quando votou ao Brasil com a anistia e começou a dar aulas na Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC/SP) e em outros círculos universitários. Passados três anos, em 1989, se tornou secretário municipal de Educação da prefeita de São Paulo Luiza Erundina. Paulo Freire morreu em maio de 1997, aos 75 anos, um ano após a publicação de Pedagogia da autonomia, sua última obra.

Acessibilidade
Um mapa tátil posicionado na entrada do espaço expositivo representa a mostra entre relevos, apresentando ao visitante cego os temas da mostra e sugerindo percursos. Um piso podotátil auxilia o deslocamento do visitante por meio da marcação, no piso da exposição, de um trajeto sugerido de circulação e indicações de pontos de interesse, onde estão disponíveis conteúdos em áudio e videoguias.

Há ainda objetos táteis reproduzindo materiais relacionados ao Método de Alfabetização de Paulo Freire. Entre as sete faixas de audiodescrições são apresentados os núcleos da mostra e os materiais que os compõem.

Há audiodescrições dos objetos táteis e da instalação interativa Paulo Freire pelo mundo e nos vídeos presentes no espaço, que também tem interpretação em Libras.

Tablets fixados nas paredes com videoguias, elaborados pelo educativo do Itaú Cultural para apresentar a ocupação ao público surdo, propõem trajetos e diálogos. Eles estão divididos em quatro faixas temáticas, em consonância com os núcleos da exposição, e trazem conteúdos complementares à curadoria.

Serviço
Ocupação Paulo Freire
 
De 18 de setembro a 5 de dezembro, no Itaú Cultural, em São Paulo

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