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Música

Pagode de Ludmilla não é obra-prima, mas vai bem com um churrasco

"Numanice (Ao Vivo) - Ludmilla", põe cantora numa lista pouco frequentada que é a de mulheres pagodeiras

Ludimilla se lança no gênero pagode com disco gravado ao vivo do Rio de JaneiroLudimilla se lança no gênero pagode com disco gravado ao vivo do Rio de Janeiro - Foto: Reprodução/Instagram

Domingo à tarde, churrasqueira elétrica ligada na cozinha assando os bifes -ou as abobrinhas. Cervejinha no copo. "Bora botar um pagodão clássico aí pra animar a casa?" Você liga a Smart TV, aplicativo do YouTube, "Numanice (Ao Vivo) - Ludmilla". E seu churrasco na pandemia sem aglomeração está pronto.

Gravado no Pão de Açúcar e com todos os ingredientes para se tornar um disco clássico para momentos de "preciso ouvir uma boa música já que estou com uma Original na mão", o disco ao vivo da agora pagodeira Ludmilla poderia muito bem se chamar "Tardezinha na Pandemia" – referência ao disco "Tardezinha" do pagodeiro Thiaguinho.


 



Muito além de apenas um disco ao vivo de pagode, "Numanice" põe Ludmilla numa lista pouco frequentada que é a de mulheres pagodeiras. Afinal, quantas cantoras de pagode fizeram sucesso, além de movimentar o mercado de novos pagodeiros que na última década nos deu apenas Dilsinho e Ferrugem como nomes expressivos do gênero?

Repleto de medleys, o disco não deixa a desejar em nenhum momento. As participações do rapper Orochi, do pagodeiro Thiaguinho, de Bruno Cardoso, que é vocalista do grupo Sorriso Maroto, e dos grupos de pagode Vou pro Sereno e Di Propósito dão o tempero necessário para o disco de 25 músicas divididas em 14 faixas, entre autorais e regravações.

Tudo isso só ajudou para que o álbum não ficasse repetitivo e se tornasse exatamente o tipo de música que vamos ouvir ainda por muito tempo nas rodas de pagode pós-pandêmicas.

"Que cara de pau a sua/ Me negar depois de tudo que aconteceu", da música "Ela Não", primeira faixa do disco, mostra a pegada das músicas que vêm a seguir -dramas, desabafos e saudades do amor perdido, típico dos pagodes dos anos 1990.

E se é drama que você quer, é Belo que a gente vai ouvir. A boa escolha do medley "Desse Jeito é Ruim / Perfume / Antes de Dizer Adeus", músicas conhecidas na voz do cantor, que se tornam uma só na voz de Ludmilla, e deixam nós que amamos um pagode "du bom" bem familiarizados com as próximas músicas.

A faixa "Não é por Maldade", antes cantada com Marvvila em suas lives caseiras, no disco ao vivo é dividida com o cantor Bruno Cardoso, a primeira de várias participações do álbum.

Em "Amor Difícil", música que virou hit na quarentena, ela divide o palco com o cantor Thiaguinho, que reaparece no medley tradicional de partido alto "Vai Lá/ Que Mulher / Cadê Ioiô / Alguém Me Avisou", cantado com o grupo Vou pro Sereno- uma curiosidade, todo pagode termina em um medley com "Vai Lá, Vai Lá".

A canção "I Love You Too", que conta com a participação do rapper Orochi, talvez seja a que mais destoa do resto do álbum, coisa que não é ruim. Ela dá um respiro no pagode raiz e mistura samba com um trap cheio de Auto-Tune e a voz rouca do cantor.

No medley "Te Amar Demais / Best Part", acompanhada pelo grupo Di Propósito, Ludmilla faz uma roda de samba com direito a um coro em inglês, que chega a lembrar levemente seus tempos de MC Beyoncé, ao interpretar a música "Best Part", do cantor canadense Daniel Caesar.

O disco "Numanice (Ao Vivo)" de Ludmilla não chega a ser uma obra-prima do pagode, mas será ouvido ainda por muito tempo nos churrascos da família, acompanhado pelo copo de cerveja quente e aqueles arrependimentos da história de amor que não aconteceu.

NUMANICE (AO VIVO)
Avaliação: bom
Quando: 2021
Onde: lnk.to/NumaniceAovivo
Preço: Grátis
Autor: Ludmilla
Gravadora: WMG

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