Paulo Freire "ocupa" o Museu do Estado a partir desta sexta (25)
Ocupação Paulo Freire abre para o público neste sábado (26) e segue com visitação até fevereiro de 2023; o acesso é gratuito
Estas linhas até poderiam começar pelo clichê “o bom filho à casa torna”, afinal Paulo Freire é de Recife e estará “ocupando” a partir de hoje o Museu do Estado de Pernambuco (MEPE), nas Graças, Zona Norte da Cidade, em exposição que segue aberta para visitação até fevereiro de 2023.
Mas, à parte da vaidade de ter o pensador como conterrâneo, é preciso reconhecê-lo como educador do mundo - e de um País que dia desses o relegou ao status de energúmeno. Insanidade que tende a ser extirpada pelos próximos tempos.
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Depois de passar pelo espaço do Itaú Cultural em São Paulo, as 140 peças distribuídas entre fotografias, vídeos e outras relíquias do patrono da Educação Brasileira chegam à capital pernambucana para remeter o público à essência do legado freiriano.
Belo reencontro com o Recife
“É mais que estratégico, é justo (e essencial) ver essa ocupação em Recife, afinal Recife estava em São Paulo junto com ela, assim como esteve em todos os territórios por onde Freire caminhou – e sabemos que foram muitos. É um retorno ao ponto de partida (...)”, ressaltou Galiana Brasil, gerente do Núcleo de Artes Cênicas, Literatura e Música, e que também integrou a curadoria da Ocupação Paulo Freire no Itaú Cultural, espaço que concebeu a exposição na capital paulista.
No Mepe, a programação da ocupação - que tem acesso gratuito - inclui círculos de cultura, conferências, apresentações culturais, filmes e lançamento de livros - o itinerário das atividades será disponibilizado no site do Sesc PE, sob apoio da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), Oficina Francisco Brennand; Museu do Estado de Pernambuco (MEPE); Instituto de Educação e Direitos Humanos Paulo Freire e o Centro Paulo Freire de Estudos e Pesquisas.
“Num espaço tão significativo como o MEPE, um casarão e seus jardins, um reencontro simbólico com a mangueira de sua infância, com o Movimento de Cultura Popular, com o Nordeste com o qual se fez cidadão do mundo sem nunca deixar de lhe pertencer. Mais que nunca ler, ouvir, exercitar Paulo Freire é fabricar seiva, substância para o levante de saberes, para o reconhecimento de que nossa existência é política, e de que só como sujeitos atuantes conseguimos ter a autonomia necessária para o livre pensar”, complementou Galiana.
Alfabetização em Angicos
A curadoria da Ocupação Paulo Freire no Mepe é dos Núcleos de Audiovisual e Literatura e de Educação e Relacionamento do Itaú Cultural e expografia assinada por Thereza Faria. A exposição acompanha a trajetória de Freire desde o nascimento (1921), passa pelo desenvolvimento do seu método de alfabetização implantado em Angicos (RN) até seu retorno e atuação no Brasil, onde morreu em 1997.
Os 4 eixos a ocupação
Dividida em quatro eixos - Formação, Angicos, Exílio e Retorno - a ocupação começa por uma animação com páginas manuscritas de “Pedagogia do Oprimido” e encerrada com o mapa Paulo Freire no Mundo exibindo os lugares tocados pela obra do pesquisador que revolucionou o trabalho de alfabetização de adultos. Parte do material contido na exposição e outros itens podem ser acessados pelo site do Itaú Cultural (www.itaucultural.org.br/ocupacao).
A Ocupação Paulo Freire em São Paulo foi “mais uma” entre tantas que a curadoria do Itaú Cultural tomou à frente e tal qual o mergulho exigido aos conteúdos e narrativas de cada uma delas, a do educador recifense também impôs intensidades e, decerto, reforçou a importância do ofício de educar – e conscientizar as pessoas até levá-las ao senso crítico. Indagada sobre o que permaneceu especificamente desta ocupação, Galiana Brasil atestou que “(...) fica muito forte o sentimento de luta pelo direito à educação, a crença no poder revolucionário da educação”.
Serviço
Ocupação Paulo Freire
Onde: Museu do Estado de Pernambuco – Av. Rui Barbosa, 960, Graças
Desta sexta-feira (25) até 12 de fevereiro (visitação aberta ao público amanhã)
Horário de terça a sexta-feira, das 11h às 17h; sábados e domingos, das 14h às 17h
Acesso gratuito
Agendamentos: [email protected]
Instagram: @museudoestadope