"Pavulagem - Contos da Floresta": podcast traz lendas contadas por povos da Amazônia
Projeto original do Spotify tem um novo episódio lançado toda quinta-feira
Taú, Patauí e Ingerada são nomes que, para muita gente, podem soar completamente desconhecidos. Para os povos da Amazônia, no entanto, eles fazem parte de um rico universo de histórias repassadas através de gerações. Com “Pavulagem - Contos da Floresta”, podcast original do Spotify, essas lendas atravessam rios e matas para serem compartilhadas com ouvintes de todo o Brasil.
Criada pelo jornalista paraense Maickson Serrão, o projeto traz histórias folclóricas contadas através de entrevistas com ribeirinhos e indígenas. Dos 12 episódios semanais, que vão ao ar toda quinta-feira, cinco já estão disponíveis na plataforma de streaming. Cada um é centrado numa lenda diferente, guiando o público pelo interior de uma Amazônia povoada por seres encantados.
“A gente trabalhou muito a questão dos sonhos, para criar essa atmosfera e fazer com que as pessoas se sintam dentro da floresta”, ressalta Maickson, que cresceu na vila de Boim, às margens do rio Tapajós, na Amazônia Paraense, onde sempre ouviu histórias sobrenaturais.
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“Em comunidades com pouca energia elétrica, como a minha, uma das maneiras de entretenimento é a contação de histórias”, relembra o jornalista. A ideia de criar o podcast veio da constatação de que os contos que acompanhava atentamente quando criança estavam se perdendo, já que a habilidade de contá-las não estava sendo transmitida para as gerações seguintes. “Percebi que era preciso fazer alguma coisa”, relata.
“Pavulagem” integrou o programa Sound Up, que visa impulsionar criadores de comunidades sub-representadas, diversificando as vozes no espaço de áudio. “Não conhecia nada desse universo da podosfera. O Spotify me deu todas as ferramentas de conhecimento, além de alguns equipamentos, e a minha proposta saiu do papel”, diz.
Munido de um gravador, Maickson percorreu comunidades do Pará e do Amazonas para colher saberes que só são transmitidos pela tradição oral. Para ouvir e registrar os contadores de histórias, ele enfrentou algumas adversidades. “O povo da Amazônia é muito acolhedor, o que ajudou muito nesse processo. Foi muito gostoso, mas também tem toda a questão logística. Para acessar alguns lugares demora horas e só se chega de barco, por exemplo”, conta.
Maickson já pensa numa segunda temporada do podcast e comemora a repercussão que os episódios já lançados vêm alcançando. “O feedback tem sido muito positivo. Acho que temos alcançado nosso objetivo de tocar no emocional e fazer com que as pessoas reflitam também, porque essas histórias trazem todo um sentido para as pessoas que vivem na Amazônia”, aponta.