PC Silva lança "Me Dê Notícias do Universo", álbum para cantar, dançar e sentir
Segundo trabalho do cantor e compositor pernambucano foi disponibilizado, na última sexta-feira (18), nas plataformas digitais
Não é preciso começar pelo começo, porque o experimento de dar o play pelo pelo fim ou pelo meio é particularidade à parte - em sonoridades lançadas ao mundo, como as de PC Silva em "Me Dê Notícias do Universo", disponibilizadas na última sexta-feira (18) nas plataformas digitais.
É que cada uma das onze faixas do segundo álbum deste "compositor de coisas", sozinhas se bastam - e se completam, ao bel prazer de quem consegue percebê-las.
De cosmos variados, dá para dançar, circular por rumos (des)conhecidos. Dá também para deixar-se levar por cantos instigantes, em meio a trocadilhos que dão ao X o som de Z.
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"Não quis um disco homogêneo de tema, queria dialogar com outras vertentes", justifica o moço de Serra Talhada, no Pajéu, cujas raízes seguem intrínsecas ao seu fazer artístico de cantar e compor.
Mas, desdizendo o que foi alinhavado até então por estas linhas, há uma canção que gravita em torno das demais, como referência de ponto de chegada e de partida do trabalho sucessor de "Amor, Saudade e Tempo" (2020).
"A música, todas as frases são sobre ele, meu pai. Algumas escrevi e não entendia o sentido, e depois de umas conversas (com ele), falando de sua juventude, as coisas foram se respondendo", destacou PC, em conversa com a Folha de Pernambuco.
A menção é sobre a faixa-título "Me Dê Notícias do Universo", (in)voluntariamente posta no meio do disco, intercede às demais e sossega o autor - ao celebrar histórias de quem tem muito a contar como "poeta da vida".
E justo na faixa seguinte, outra canção rodopia entre as outras: "Flor das Algarobas", a derradeira a ser feita após a melodia de PC Silva "dar match" com a letra de Juliano Holanda - e vice-versa.
"Sentia que estava faltando alguma coisa (para finalizar o disco). É para uma poeta, poesia em forma de ser humano (...) Severina Branca, de quem sempre ouvi falar e achei que nem estava mais viva. É uma das belas músicas que consegui fazer em parceria com Juliano", ressalta o desbravador de um Sertão que é de tantos, embora entendido por poucos.
"Tenho interesse grande de que as pessoas que não conhecem aquilo tudo dali, conheçam, a partir da música", deseja PC.
"Pra mandar pro contatinho"
O PC Silva da pandemia e dos tempos de estranhezas, sobreviveu - como pessoa e como o artista do álbum de 2020. "Fui compondo a maioria das músicas, puxei para a coisa mais dramática… Sabia que ali pegava as pessoas", confessa o autor de "Adeus, Obrigada, Disponha" e de "Saudade Arengueira", duas das faixas do primeiro disco.
Já em "Me Dê Notícias do Universo", escolher as músicas foi uma proposta afeita à sua própria vontade. "Quis que se comunicassem com mais pessoas. Trazer a coisa mais quente de 'Arrodeio' e 'Lambada Exuberante'. Talvez isso funcione para mandar para o contatinho".
A exuberância da lambada compartilhada com Zeca Baleiro é, além de funcional (para contatinhos), a mais instigante das faixas.
"Embora não tenha nascido de uma provocação, sobre o tema que se sugere (...) É sobre a língua portuguesa", garante PC acerca da canção mais antiga do disco, feita em 2022. "Em contato com Zeca pedi que ele levasse algumas palavras da música para outro lugar". E ele levou.
Em diversidade o álbum faz um passeio. Com Marcello Rangel em "Sinto que Estou Bem", dançante e levada pelo deleite do lidar com o tempo, 'mastigando sua velocidade e ignorando o rumo da correnteza', ou com "Arrodeio", em timbres de sensualidade duelada com Juliana Linhares.
As faixas seguem movimentadas, ainda, pela distopia de "Beira de Mar", com Ezter Liu em versos que PC enxergou Jr. Black (1973-2022) e também com Joana Terra em "Águas da Lembrança".
Juliano Holanda retorna em "Rosa das Horas" e "Idas e Voltas", ele também assume as guitarras e assina a produção musical do disco - que contou com trabalho de Rostan Júnior (bateria), Miguel Mendes (baixo) e Gilú Amaral (percussão).
A "cara" festiva do disco, para PC Silva, "cumpre a função artística de ter músicas para cima", com "Nova Orleans até Taperoá" e "Lá Vou Eu" entre as celebrativas.
Mas "Me Dê Notícias do Universo", em seu todo, soa fluido, ideal para um "repeat" sem hora nem lugar, para deliberadamente deixar a "a música correr sozinha no imaginário".