Peça que Arlete Salles traz ao Recife aborda o amor na terceira idade
Espetáculo "Ninguém dirá que é tarde demais" terá sessões no Teatro do Parque a partir desta sexta-feira (20)
Fazendo valer o ditado que diz que “o bom filho (neste caso, a boa filha) à casa torna”, a pernambucana Arlete Salles desembarca no Recife, e não chega só. Ao lado do filho e do neto, a atriz leva o espetáculo “Ninguém dirá que é tarde demais” ao palco do Teatro do Parque, desta sexta-feira (20) a domingo (22).
A Capital pernambucana integra o roteiro de dez cidades visitadas pela peça após temporadas bem-sucedidas no Rio de Janeiro e em São Paulo. Com direção do renomado encenador Amir Haddad, a comédia aborda o amor na terceira idade tendo como pano de fundo o isolamento social durante a pandemia de covid-19.
O texto é assinado por Pedro Medina, neto de Arlete, que também contracena com ela. Alexandre Barbalho, filho da atriz, também está no elenco, além do ator e amigo de longa data Edwin Luisi, que vive o par romântico da artista.
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“Claro que eu fico focada no meu trabalho, mas é bom conviver com a minha família dentro do teatro e no camarim, viajando juntos. É um conforto que não tive em outros espetáculos. Já o Edwin é um querido colega, grande ator que admiramos muito”, aponta Arlete Salles, em entrevista à Folha de Pernambuco.
Em cena, a atriz interpreta Luiza, que recebe o neto em casa durante o isolamento social. No apartamento grudado ao seu, Felipe (Edwin Luisi) passa a viver com o filho, por problemas financeiros. Os dois septuagenários passam a implicar um com o outro, mas não se conhecem. Durante uma ida rápida à rua, eles se encontram sem saber que são vizinhos.
“Eu acho que o teatro é um veículo transformador. O nosso espetáculo tem muita ternura e amor, mas o que é mais bonito nesse trabalho é a possibilidade de pessoas já em idade avançada se apaixonarem, se encontrarem romanticamente e serem felizes. É um direito de todos, em qualquer idade”, destaca.
Aos 86 anos de idade, Arlete diz que segue “trabalhando, produtiva e feliz”, seja nos palcos ou na televisão. No ar na novela “Família É Tudo”, da Globo, ela conta que sua paixão pela televisão foi imediata, mas defende que “o palco é lugar do ator”. Sua história com o teatro começou pela Companhia Barreto Júnior, no Recife, no final dos anos 1950, e permanece bem viva até hoje.
“O teatro tem esse poder maravilhoso de rejuvenescer a gente, de revigorar e renovar. Dizem até que toda a felicidade do mundo está em cima do palco”, dispara a artista, que não esconde sua opinião sobre a falta de bons personagens para atrizes e atores mais experientes no audiovisual.
“Claro que na TV as oportunidades são bem menores para pessoas com mais idade. É difícil discutirem os sentimentos humanos, as paixões, as dores e as alegrias através de pessoas idosas, e isso reduz as nossas possibilidades profissionais. Mas eu, particularmente, não tenho queixas. A idade não me trouxe problemas ainda”, conta.
Nascida em Paudalho, na Zona da Mata Norte de Pernambuco, e tendo iniciado a carreira nas rádios do Recife, Arlete vive no Rio de Janeiro desde os anos 1960. Apesar de estar há tanto tempo morando fora, ela assegura que não esqueceu suas raízes. “Tenho lembranças muito vivas dos cheiros e dos sabores da minha terra. A minha pernambucanidade está no meu jeito de falar. Perdi bastante do meu sotaque para não me limitar enquanto atriz, mas há alguns traços que ficaram e que fazem parte do meu show”, dispara.
Serviço:
Espetáculo “Ninguém dirá que é tarde demais”
Quando: Nesta sexta-feira (20) e no sábado (21), às 20h, e no domingo (22), às 19h
Onde: Teatro do Parque (Rua do Hospício, 81, Boa Vista - Recife)
Ingressos a partir de R$ 19,50 (popular/meia), à venda no Sympla e na bilheteria do teatro
Informações: @teatrodoparqueoficial