Perspectivas para o cinema brasileiro em 2025: Oscar e cota de tela em destaque
Presença de "Ainda Estou Aqui" nos principais prêmios internacionais e lei que obriga as salas de cinema a exibirem obras brasileiras mobilizam o segmento neste ano
Como será 2025 para o cinema brasileiro? Com o retorno da “cota de tela” para filmes nacionais, abertura de editais e a possibilidade de premiações, a produção cinematográfica do País promete ser assunto recorrente ao longo dos próximos 12 meses.
O ano começa com altas expectativas em torno da presença de “Ainda Estou Aqui” nos principais prêmios internacionais. O longa-metragem recebeu duas indicações ao Globo de Ouro, que revela seus vencedores neste domingo (5), mas a grande esperança é que ele esteja também na lista de indicados ao Oscar, o que será divulgado ainda em janeiro.
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Mira no Oscar
O filme de Walter Salles já está entre os pré-selecionados ao prêmio de melhor filme internacional. A última vez que o Brasil teve um representante na categoria (antes chamada filme estrangeiro) foi em 1999, com “Central do Brasil”, do mesmo diretor.
Protagonista da trama, Fernanda Montenegro também concorreu como melhor atriz na época, sofrendo uma derrota considerada injusta por muitos até hoje. Depois de 26 anos, sua filha, Fernanda Torres, tem a possibilidade de repetir a indicação da mãe e, quem sabe, conseguir “vingá-la”.
Chances reais
Para o crítico de cinema Márcio Sallem, que é membro votante do Critics Choice Awards, “Ainda Estou Aqui” tem grandes chances de receber nomeações, mas as vitórias são ainda incertas.
“Eu cogitaria indicações de filme internacional, atriz e, talvez, roteiro adaptado, pelo fato dele ter sido premiado no Festival de Veneza”, aponta. O especialista explica que há outros fortes candidatos com mais investimentos em suas campanhas.
Desde a sua estreia, o filme de Salles já foi visto por mais de 3 milhões de espectadores no Brasil. O fato é que em 2024 o cinema brasileiro teve o seu melhor ano desde a pandemia.
Até 30 de dezembro, os filmes nacionais levaram mais de 11 milhões de pessoas às salas de exibição. No entanto, os números da Agência Nacional do Cinema (Ancine) revelam que essas produções corresponderam a apenas 9,4% do público total que compareceu às salas de cinema ao longo do ano.
Cota de tela
Para mudar essa realidade, o mercado conta com o reforço da chamada “cota de tela”, lei que obriga as salas de cinema a exibirem obras brasileiras em um mínimo de sessões. As regras para 2025 já foram definidas em decreto assinado pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
“Produzimos muitos longas-metragens, mas não vemos essas obras nos cinemas e, quando elas chegam lá, é em poucas salas. O trabalho mais árduo é distribuir um filme”, afirma a produtora Dora Amorim. No ano passado, ela e a sócia Júlia Machado fundaram a Zebra Filmes, que vai rodar, pelo menos, três filmes em 2025.
Apesar das dificuldades, Dora demonstra otimismo em relação ao cinema no Brasil neste novo ano, especialmente no que diz respeito ao investimento público.
Ela vê com bons olhos o lançamento da chamada pública do plano de ação Fundo Setorial do Audiovisual (FSA) para projetos de produção de obras cinematográficas, que segue com inscrições abertas até fevereiro, com recurso previsto de R$ 160 milhões.
Luís Fernando Moura, programador do Cinema São Luiz, acredita que o cinema brasileiro busca ainda entender as transformações do pós-pandemia.
“No momento em que o nosso audiovisual se torna uma indústria crescente, me parece que teremos uma convivência de escalas entre filmes que vão circular em circuitos menores e um crescimento da internacionalização deste cinema, seja pelas coproduções ou pelos investimentos que vêm de fora”, analisa.