Perspectivas para o uso de IAs na arte em 2025: direito autoral e regulamentação
A Inteligência Artificial é um recurso que os artistas podem apropriar-se, gerando novas formas de arte
A Inteligência Artificial (IA) está cada vez mais presente no nosso cotidiano, já que facilita - e muito - a simulação de habilidades humanas. Não há como negar. As inovações dessa tecnologia cumprem um papel fundamental como ferramenta, proporcionando mais autonomia na tomada de decisão e na criação de conteúdos, como textos, imagens, áudio e vídeo.
Debate
Entretanto, nem tudo são flores. O uso dessas IAs generativas, seus limites e seus impactos, vêm sendo discutidos em diversos campos de estudo, inclusive, alcançando o mundo das artes com seus debates acerca da sua utilização.
"Toda mudança tecnológica transforma a arte porque habilita novas oportunidades. No longo prazo, vai ser visto como impacto positivo, embora, no curto prazo vai terminar sendo visto como negativo, por ser uma novidade", afirmou Giordano Cabral, professor da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE) e especialista em Inteligência Artificial Generativa.
Quais os limites?
A Inteligência Artificial é um recurso que os artistas podem apropriar-se, gerando novas formas de arte. Dessa forma, as inéditas transformações tecnológicas modificam a indústria cultural, desestabilizando, inicialmente, a forma como se produz.
Uma amostra disso é o ressurgimento do debate sobre direitos autorais na arte por conta do uso do banco de dados. Segundo Giordano, o direito autoral das obras que você usou como base para aprender o seu modelo (IA generativa) é visto, juridicamente, nos Estados Unidos, na Europa e no Japão como inspirações.
No entanto, a autoria da obra final feita pelo usuário é um debate ambíguo e ainda sem resposta. O crédito pode ser seu, um trabalho conjunto com a máquina, ou do usuário com a empresa que criou a máquina. Complexo, não?
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Quem usa
O artista goiano Odair José, conhecido por hits que cantam sobre o amor, utilizou IA na criação de arranjos no seu último álbum “Seres Humanos é a Inteligência Artificial” (2024), mostrando na prática como os músicos estão lidando com uma tecnologia inédita e tão poderosa.
"Eu e o produtor Junior Freitas trabalhamos com a IA como se ela fosse um terceiro elemento e o que descobrimos é ganhamos uma aliada obediente ao nosso propósito. Na minha opinião, é preciso ter ética e capacidade para não se chegar a resultados vulgares", ponderou o Odair José.
Em observação
Encarando estas ferramentas com outra perspectiva, a cantora e produtora recifense Mariana Rocha ainda não utiliza dispositivos de IA em produções. Mas segundo a artista, mudanças são crescentes na cena musical e reflete sobre sua relação com a IA.
“Inicialmente, eu sentia uma relutância a fim de preservar a humanidade nas minhas produções. No entanto, esse ano observei o trabalho de outros artistas que conseguiram integrar a IA em seus projetos, sem descaracterizar a obra ou torná-la artificial”, avaliou Mariana.
Desde ferramentas de edição e masterização, até geradores de instrumentais e vocais, as possibilidades do uso de IA’s dentro da música são inúmeras – e relativamente ausentes de regulamentação. O ritmo frenético de crescimento das IA's tem impedido que se estabeleçam normas acerca de seu uso, mas uma regulamentação apropriada é essencial para garantir um espaço de ética frente ao uso da tecnologia.
Portanto, acompanhar suas mudanças acaba sendo o maior desafio para estabelecer os seus limites, mas este monitoramento da evolução das ferramentas é o próximo passo fundamental na construção de formas seguras de utilização saudável da IA.