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Pesquisadores descobrem idade média em que crianças começam a duvidar do Papai Noel

Estudo foi realizado nos EUA, em 2019; foram entrevistadas 48 crianças e 427 adultos

Desfile de Natal, com Papai NoelDesfile de Natal, com Papai Noel - Foto: Anderson Souza/ Prefeitura de Gravatá

"Você foi bonzinho este ano?" A pergunta no final do ano é característica, para saber se a criança está ou não apta a receber presentes do tão aguardado Papai Noel. Mas muitos pequenos começam a questionar a figura natalina, e os pais ficam apreensivos. Psicólogos identificaram a idade média em que o ceticismo em relação ao Papai Noel surge, e quais crianças têm maior risco de reter sentimentos negativos quando isso acontece.

A psicóloga da Universidade do Texas em Dallas, no Texas, Candice Mills, começou a se interessar na questão quando se tornou mãe e se "envolveu no mundo de promover o Papai Noel" ela mesma. Ela afirma ter ficado preocupada em parecer para os filhos como se estivesse mentindo, porque sabia que tinha ficado chateada por terem mentido para mim sobre o Papai Noel, quando criança.

"Eu senti um pouco de tensão em relação a isso, porque, por um lado, muitas vezes incentivamos nossos filhos a serem pensadores científicos e a não enganar os outros, mas com a história do Papai Noel, às vezes há uma distorção da verdade que acompanha isso" conta Candice ao The Guardian.

A pesquisa
Para entender melhor essa transição da crença para a incredulidade e as experiências das crianças com isso, Mills e seus colegas fizeram dois estudos, em 2019, nos Estados Unidos. No primeiro, eles entrevistaram 48 crianças de seis a 15 anos que pararam de acreditar no Papai Noel, 44 de seus pais. Os pequenos foram questionados sobre como eles descobriram que o símbolo natalino não era real e como isso os fez sentir. Os responsáveis compartilharam suas perspectivas de como promoveram o Papai Noel.

No segundo estudo, 383 adultos refletiram sobre as suas experiências na transição da crença para a descrença do homem que distribui presentes no Natal.

"A partir da análise dos discursos, foi descoberto que a idade média da descrença foi em torno de oito anos, mas com variedade significativa. A maioria dos participantes disse que o testemunho de outros contribuiu para a sua descrença, e alguns relataram ceticismo como resultado da experiência (por exemplo, observação) ou do raciocínio lógico", consta na pesquisa.

Aproximadamente um terço das crianças e metade dos adultos relataram algumas emoções negativas ao caírem no boato de que o Papai Noel não existe. Embora esses sentimentos geralmente fossem leves e de curta duração, cerca de 10% dos adultos relataram tristeza mais duradoura ou redução da confiança em seus pais como resultado.

Tais sentimentos tendiam a estar associados à descoberta abrupta ou à informação direta de que o Papai Noel não é real, com a descoberta em uma idade mais avançada e pais que apoiavam fortemente a existência do Papai Noel com, por exemplo, vídeos dele na sala de estar ou trilhas de pegadas no chão.

"Eles podem ter tido algum ceticismo com base no raciocínio lógico" como o Papai Noel realmente pode dar a volta ao mundo em uma noite? — mas o que os empurra para o abismo é um colega de classe na escola dizendo que ele não é real — diz Candice Mills.

Como os pais devem se conduzir?
Pais imaginam qual é a melhor maneira de lidar com a transição dos filhos de confiança à descrença em relação ao Papai Noel. Os pesquisadores afirmam ficarem hesitantes em definir uma conclusão, mas oferecem algumas sugestões.

"Se os pais querem evitar que os filhos experienciem emoções negativas ao descobrir a verdade, é bom saber que a idade média do ceticismo é em torno de 7 e 8 anos, e há evidências de que crianças mais velhas, quando descobrem, tendem a se sentir piores. Também é bom refletir sobre como os pequenos percebem sinais sobre o Papai Noel. Acreditamos que o melhor jeito de fazer a transição é através de mudanças gradativas, deixando que as crianças concluam gradualmente que ele não existe", conclui o estudo.

Candice Mills acredita que ouvir atentamente o que a criança está perguntando antes de responder é uma solução.

"Se eles quiserem saber como o Papai Noel entra em chaminés estreitas ou entra em casas que não têm uma, talvez não estejam prontos para desistir da ideia do Papai Noel. Considere perguntar à criança o que ela pensa, falar sobre o que "algumas pessoas" acreditam ou simplesmente dizer "essa é uma pergunta interessante" aconselha.

Se perguntado diretamente se o Papai Noel é real, os cuidadores também podem usar uma pergunta de desvio, como "o que você acha?" e ver como a criança discute isso por si mesma.

"Às vezes pode haver alguma tensão, porque eles querem continuar acreditando na magia, mas também querem saber a verdade. Devolver a questão à criança pode ajudar os cuidadores a avaliar as necessidades dela naquele momento" diz.

A psicóloga acrescenta que algumas crianças podem ser mais sensíveis ao fato de terem sido enganadas do que outras. Um dos adultos que ela entrevistou disse que se sentiu muito traído pelos pais porque eles lhe ensinaram a não mentir, mas mentiram.

"Nesses casos, os pais podem amenizar a situação reconhecendo os sentimentos da criança e falando sobre por que incluíram o Papai Noel em suas tradições festivas" finaliza.

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