Pintura roubada pelos nazistas é vendida por US$ 7,4 milhões em leilão
No início do ano, o Parlamento francês aprovou por unanimidade uma lei para devolver aos herdeiros legítimos quinze obras de famílias judias saqueadas pelos nazistas
Uma pintura de Marc Chagall, que está entre as 15 obras roubadas pelos nazistas e devolvidas pela França aos herdeiros das famílias saqueadas, foi vendida por US$ 7,4 milhões na terça-feira (15) em um leilão organizado em Nova York.
A pintura foi incluída no catálogo em uma noite em que a casa de leilões Phillips vendeu 46 obras por cerca de US$ 139 milhões. A obra mais cara da noite, um quadro de Cy Twombly, "Untitled" (2005), foi arrematada por US$ 41,6 milhões.
A pintura a óleo "O Pai", pintada em 1911, foi adquirida em 1928 pelo luthier judeu polonês David Cender, que perdeu todos os seus bens quando foi forçado a se estabelecer no gueto de Lodz.
Deportado para o campo de Auschwitz, onde a mulher e a filha perderam a vida, o músico sobreviveu e estabeleceu residência na França em 1958, onde faleceu em 1966 sem recuperar sua pintura.
Nesse ínterim, a obra foi exibida em exposições de arte e ficou demonstrado que foi o próprio Chagall quem a comprou de volta, provavelmente entre 1947 e 1953, desconhecendo sua origem, segundo a Phillips e o Ministério da Cultura francês.
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Após a morte na França do artista judeu de origem russa em 1985, "O Pai" passou a fazer parte das Coleções Nacionais em 1988, antes de ser enviado ao Centro Pompidou e depositado no Museu de Arte e História do Judaísmo de Paris.
No início do ano, o Parlamento francês aprovou por unanimidade uma lei para devolver aos herdeiros legítimos quinze obras de famílias judias saqueadas pelos nazistas. A ministra da Cultura, Roselyne Bachelot, qualificou a lei de "histórica" e "uma primeira etapa", pois "ainda há obras de arte e livros saqueados em acervos públicos".
Os herdeiros de David Cender decidiram vender a pintura, um cenário comum "quando uma obra é restituída depois de tanto tempo", porque "há vários herdeiros e a obra não pode ser dividida", segundo o vice-presidente da Phillips, Jeremiah Evarts.
Chagall pintou esta obra, um retrato de seu pai, em 1911, mesmo ano em que chegou a Paris.
Estimuladas pelo modernismo da cidade, as obras do pintor deste período são "raras", já que "muitas delas foram destruídas quando deixou Paris para regressar à Rússia em 1914", acrescentou, garantindo não ter dúvidas de que "O Pai" atrairá museus e grandes colecionadores.
A casa de leilões Phillips não revelou detalhes sobre o comprador.