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"Presa, vulnerável e sem dinheiro": babá acusa Neil Gaiman e ex-mulher de estupro e tráfico humano

Scarlett Pavlovich, que acusou Gaiman de estupro e agressão em relato no mês passado, afirmou no processo que mulher do autor teve papel em "recrutá-la e apresentá-la"

Neil Gaiman foi acusado por uma série de mulheresNeil Gaiman foi acusado por uma série de mulheres - Foto: Wikimedia/Reprodução

Uma mulher da Nova Zelândia entrou com uma ação judicial nesta segunda-feira contra Neil Gaiman, o renomado autor britânico, e Amanda Palmer, ex-mulher dele, acusando Gaiman de abuso sexual repetido e Palmer de “recrutar e apresentar” a vítima com a intenção de deixá-la “presa, vulnerável e sem dinheiro”.

Scarlett Pavlovich, que é da Nova Zelândia mas atualmente vive na Escócia, afirma no processo, protocolado em tribunais federais de Massachusetts, Nova York e Wisconsin, que Gaiman a estuprou e agrediu repetidamente enquanto ela trabalhava como babá e cuidava do filho do casal.

Como consequência, Pavlovich "sofreu intenso sofrimento emocional, lesões físicas e prejuízos econômicos", segundo o processo. Ela também afirma que não foi remunerada adequadamente pelo trabalho prestado ao casal.

 

Muitos detalhes perturbadores das acusações contra Gaiman vieram à tona em um artigo impactante da New York Magazine no mês passado, além de um podcast divulgado no último verão, no qual Pavlovich se identificou como uma das acusadoras de Gaiman. Outras quatro mulheres também relataram abusos cometidos por ele no podcast.

Gaiman negou as acusações em uma declaração no mês passado, afirmando: “Nunca tive qualquer relação sexual não consensual com ninguém. Jamais.” Os representantes de Gaiman e Palmer não responderam aos pedidos de comentário na terça-feira.

Pavlovich conheceu Palmer na Nova Zelândia em 2020, quando tinha 22 anos e estava sem moradia, frequentemente dormindo na praia, segundo o processo. Após as duas se tornarem conhecidas, Pavlovich começou a fazer pequenos serviços para Palmer e Gaiman, ocasionalmente cuidando do filho deles.

Pavlovich também enfrentava problemas de saúde mental e chegou a conversar sobre isso com Palmer, conforme descrito no processo.

Palmer "estava claramente ciente do perigo que Gaiman representava", afirma a ação.

Em fevereiro de 2022, segundo o processo, Palmer pediu a Pavlovich que cuidasse da criança durante o fim de semana, dividindo o tempo entre as casas separadas de Palmer e Gaiman.

No dia 4 de fevereiro de 2022, Pavlovich chegou à casa de Gaiman à tarde e cuidou do menino por cerca de uma hora antes de ele levá-lo para a casa de um amigo, alterando o rumo da noite, segundo a ação. Depois de jantar com Pavlovich, Gaiman a incentivou a tomar um banho enquanto ele fazia uma ligação, de acordo com o processo.

Mas Gaiman, que tinha 61 anos na época, voltou ao banheiro — sem avisar e nu — e agrediu e estuprou Pavlovich, segundo o processo. Não havia nenhuma ligação de trabalho, afirma a ação.

Pavlovich se opôs e disse "não" a Gaiman enquanto ele a agredia, de acordo com o processo.

Pavlovich registrou um boletim de ocorrência acusando Gaiman da agressão, segundo a ação. Ela afirmou em um podcast no ano passado que a polícia lhe disse não haver provas suficientes para levar o caso adiante.

Após aquele fim de semana, Palmer ofereceu a Pavlovich um emprego como babá residente, prometendo que ela seria remunerada e que Gaiman ajudaria a promover sua carreira como escritora, segundo o processo. O casal não a pagou e, durante todo o período em que trabalhou para eles, Gaiman continuou a abusá-la sexualmente, afirma a ação.

"Ela era, na prática, uma refém econômica de Palmer e Gaiman", diz o processo. A ação também alega que Gaiman ordenava que Pavlovich o chamasse de "mestre" e frequentemente se referia a ela como sua "escrava".

O processo ainda afirma que Gaiman sabia que Pavlovich não consentia com os encontros sexuais e que, durante um dos ataques, ela "gritou 'eu não posso' e 'não'" no início do ato.

Desde que as primeiras denúncias contra Gaiman surgiram no último verão, vários de seus projetos foram cancelados ou reduzidos. O Prime Video anunciou que encurtaria a terceira e última temporada de "Belas Maldições" — baseada no livro coescrito por Gaiman — e a Disney suspendeu a produção de um filme baseado em um de seus romances.

No mês passado, a editora de quadrinhos responsável pelas graphic novels e HQs de Gaiman declarou que não trabalharia mais com ele e que interromperia a publicação da série "Anansi Boys".

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