Filme com Gentili

Presidente da Comissão de Cultura da Câmara diz que proibição de filme por ministério é 'censura'

Deputada Alice Portugal (PCdoB-BA) considera que decisão é inconstitucional e será revertida judicialmente

Filme 'Como se tornar o pior aluno da escola', com Danilo GentiliFilme 'Como se tornar o pior aluno da escola', com Danilo Gentili - Foto: Divulgação

A presidente da Comissão de Cultura da Câmara, deputada Alice Portugal (PCdoB-BA), classificou como "censura" a decisão do Ministério da Justiça que proíbe a exibição do filme "Como se tornar o pior aluno da escola", com Danilo Gentili e Fabio Porchat, nos catálogos das plataformas de streaming no Brasil. O filme, lançado em 2017, foi alvo de críticas de influenciadores bolsonaristas no fim de semana.

— Considero um expediente de censura que não tem respaldo na Constituição e provavelmente será derrubado pelo Judiciário — disse Alice Portugal, ao Globo.

Portugal destacou que sua posição é meramente política, ou seja, sem efeitos práticos, já que os colegiados da Câmara ainda estão sem funcionar por falta de acordo envolvendo a Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) e a distribuição dos partidos.

Especialistas concordam que a medida determinada pelo Ministério da Justiça se configura como um ato de censura, já que a pasta não possui a capacidade de impedir a circulação de uma obra.

— Pode-se discutir se a classificação etária está errada ou não. O Ministério da Justiça pode, inclusive, recomendar e dizer que considera que determinada classificação não atende. O que não pode é impedir a circulação da obra. Não há prerrogativa constitucional para isso — explica Sydney Sanches, presidente da comissão nacional de direitos autorais da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB).

O que motivou a decisão do Ministério da Justiça foi uma cena que viralizou no último fim de semana, na qual o personagem de Fábio Porchat, o vilão Cristiano, chantageia e assedia sexualmente dois garotos.

Cristiano interrompe Pedro (Daniel Pimentel) e Bernardo (Bruno Munhoz), pede que eles parem de discutir e, para não serem prejudicados na escola, o masturbem. As crianças reagem com espanto e repulsa, negando o pedido. O filme, dirigido por Fabrício Bittar, é inspirado em um livro homônimo de Gentili, publicado em 2009.

No plenário da Câmara, na noite desta terça-feira, predominaram as críticas de aliados do governo ao filme. O presidente da frente parlamentar mista de enfrentamento à pedofilia, Professor Joziel (União-RJ), apoiou a suspensão da exibição do filme. Ele chegou a pedir a "punição exemplar" dos cinegrafistas, roteiristas e do ator Fabio Porchat, envolvidos na cena do filme.

Veja também

Juiz nega liberdade mediante fiança ao rapper Sean Combs
Sean Combs

Juiz nega liberdade mediante fiança ao rapper Sean Combs

Selton Mello fala sobre possibilidade de "Ainda Estou Aqui" ser indicado ao Oscar
Oscar

Selton Mello fala sobre possibilidade de "Ainda Estou Aqui" ser indicado ao Oscar

Newsletter