Primeira onda de livros sobre a pandemia chegará em breve às livrarias
Embora os primeiros livros sobre a covid-19 estejam perto de chegar às livrarias, os profissionais do setor editorial têm dúvidas sobre o interesse dos leitores por essas histórias
Os leitores estão preparados para reviver a crise da Covid-19 por meio da ficção? Essa é uma das grandes questões discutidas na Feira do Livro de Frankfurt, onde foram apresentadas várias obras inspiradas na pandemia.
Dois livros com o tema foram escritos por duas das autoras de maior destaque na atualidade: a americana Jodi Picoult e a canadense Margaret Atwood, que contribuiu em um "livro colaborativo", escrito com outros autores, sobre os habitantes de Manhattan que se aproximaram durante o confinamento.
"Como membros da espécie humana, enfrentamos um período muito difícil no planeta Terra e ainda não acabou", alertou Atwood, autora de "O Conto da Aia", em uma mensagem de vídeo exibida na cerimônia de abertura em Frankfurt.
Supervisionada por Atwood, a obra coletiva "Fourteen Days: An Unauthorised Gathering" está prevista para chegar às livrarias em 2022.
Esta será uma das primeiras obras de ficção que trata diretamente do impacto do coronavírus na vida das pessoas.
Picoult, cujos livros foram traduzidos em mais de 30 idiomas, também publicará no próximo mês a história de uma turista que fica trancada longe de seu país por causa da pandemia.
Com o título "Wish You Were Here", este relato "tentará dar um sentido para 2020", explicou a escritora americana.
"Os artistas devem encontrar um sentido para as coisas que não entendemos e uma pandemia mundial é uma delas", afirmou Picoult, que não compareceu à Feira de Frankfurt, mas respondeu por escrito às perguntas da AFP.
O escritor alemão John von Dueffel apresentará na sexta-feira outro livro ambientado na crise sanitária atual.
Com o título "The Angry and The Guilty", narrará a história de uma mulher que deve fazer quarentena no momento em que o pai de sua família está morrendo.
Embora os primeiros livros sobre a covid-19 estejam perto de chegar às livrarias, os profissionais do setor editorial têm dúvidas sobre o interesse dos leitores por essas histórias, em um momento em que a pandemia ainda não acabou.
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Mas alguns autores sentem uma grande necessidade de escrever sobre o coronavírus.
A americana Hilma Wolitzer encontrou na escrita um efeito catártico para os fatos trágicos sofridos durante a pandemia.
A autora, de 91 anos, perdeu seu marido no ano passado por causa da covid-19 e ela mesma também ficou internada por causa do vírus.
Escrever sobre isso foi "uma forma de enfrentar esse luto, em um momento em que todos os rituais de luto, como os funerais ou a companhia da família e dos amigos, foram negados a mim", disse à AFP.
Este episódio doloroso de sua vida é descrito no último capítulo de seu último livro, "Today a Woman Went Mad in the Supermarket", uma coleção de pequenos relatos.