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CINEMA

Produtora brasileira de cinema L.C. Barreto é tema de retrospectiva no Lincoln Center, em Nova York

Empresa de Luiz Carlos e Lucy Barreto é responsável por clássicos como ''Dona Flor e seus dois maridos'', ''Vidas secas'' e ''Bye Bye Brasil''

A produtora L.C. Barreto foi tema de uma mostra retrospectiva no Lincoln Center, em Nova YorkA produtora L.C. Barreto foi tema de uma mostra retrospectiva no Lincoln Center, em Nova York - Foto: Divulgação

É um ano de celebração para a L.C. Barreto, histórica produtora do cinema nacional. Fundada por Luiz Carlos e Lucy Barreto em 1963, ela já foi homenageada em maio no Festival de Cannes e, agora, é tema de uma mostra retrospectiva no Lincoln Center, em Nova York.

Iniciada na última sexta-feira (6), a retrospectiva ''Isso é Brasil'' apresenta 13 dos mais famosos filmes produzidos pela companhia, todos restaurados em 4K.

 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 

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Clássicos como ''Vidas secas'' (1963), de Nelson Pereira dos Santos, ''Garrincha, alegria do povo'' (1963), de Joaquim Pedro de Andrade, ''Terra em transe'' (1967), de Glauber Rocha, ''Bye Bye Brazil'' (1980), de Cacá Diegues, e ''Dona Flor e seus dois maridos'' (1976), de Bruno Barreto, maior sucesso da companhia, com 11 milhões de espectadores.

Estão ainda duas obras indicadas ao Oscar: ''O quatrilho'' (1995), de Fábio Barreto (1957-2019), e ''O que é isso, companheiro?'' (1997), de Bruno.

 

— Através de diferentes estilos e gêneros, os filmes da L.C. Barreto revolucionaram a estética do cinema nacional, dominaram festivais internacionais e chamaram a atenção do mundo para o cinema brasileiro — destaca Tyler Wilson, programador do Film at Lincoln Center.

— Quando descobrimos que um número substancial de seus longas havia sido restaurado recentemente, sabíamos que era o momento perfeito para celebrar o enorme impacto da produtora na cultura cinematográfica internacional, especialmente para as novas gerações de cinéfilos, que talvez nunca tenham visto esses clássicos no cinema.

Lucy Barreto está em Nova York acompanhando a mostra, que é organizada pelo Lincoln Center em parceria com a organização Cinema Tropical, instituição especializada na promoção do cinema latino-americano nos Estados Unidos. Aos 91 anos, vem acompanhando as sessões e participando de debates ao lado do filho, o cineasta Bruno Barreto, de 69 anos.

— Estou muito feliz com essa retrospectiva. As sessões estão sempre cheias e temos visto um grande interesse no público nos debates. É muito compensador ver o reconhecimento de um trabalho de tanto tempo — comemora Lucy. — Uma companhia de cinema ativa no mercado há 60 anos. Isso é o cinema brasileiro. Nós somos o cinema brasileiro, mais ativos do que nunca apesar de tudo. Movidos por entusiasmo, por paixão. Viva o cinema brasileiro.

Seis décadas na ativa
Lucy lembra que, para além das homenagens, a L.C. Barreto segue ativa no mercado. No momento, a produtora está em cartaz nos cinemas com a comédia ''Vovó ninja'', de Bruno Barreto, estrelada por Gloria Pires. A empresa também trabalha na finalização de ''Deus ainda é brasileiro'', filme de Cacá Diegues que é uma continuação do sucesso de 2003 estrelado por Wagner Moura e Antônio Fagundes.

— Fiquei surpreso quando o Lincoln Center propôs essa homenagem. Em geral, são atores e diretores que recebem essas honrarias. Falei com o Tyler Wilson, programador do instituto, e ele me explicou que nunca existiu uma empresa de produção cinematográfica conduzida pelos fundadores durante mais de 60 anos — conta Bruno Barreto.

O diretor destaca a qualidade dos debates promovidos após algumas das sessões da retrospectiva. No domingo, ele participou de sessão de perguntas e respostas moderada pelo jornalista Larry Rohter, ex-correspondente do New York Times no Brasil. Os dois conversaram sobre “O que é isso, companheiro?”, drama baseado em livro de Fernando Gabeira sobre o sequestro do embaixador dos Estados Unidos no Brasil, Charles Burke Elbrick, em setembro de 1969.

— Os filmes da L.C. Barreto fazem parte da minha vida e do meu trabalho desde o final dos anos 1970, quando vi pela primeira vez "Dona Flor e seus dois maridos". Seus filmes capturam tudo o que adoro no cinema brasileiro: estética rica, histórias profundamente humanas e um reflexo das realidades sociais — destaca Mary Jane Marcasiano, da Cinema Tropical, co-curadora da retrospectiva.

"Isso é Brasil" acontece em NY até o próximo domingo (15).

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