Projeto Além da Cura: novos formatos para ir adiante
Documentário pensado como forma de escuta de mulheres diagnosticadas com câncer, segue humanizando a doença em formato de podcast
Nem números, tampouco dados estatísticos. Gente deve ser tratada como gente e como tal, com humanidade. Em tempos de pandemia, banalizar diagnósticos e vidas perdidas tem sido praxe, reverberar empatia é a exceção.
Mas ao menos para o “Além da Cura” a regra de dar importância a histórias e individualizar sentimentos, além de seguir imutável, chega em um novo formato de escuta: como podcast, o mais recente desdobramento do projeto idealizado em 2015 como documentário pela cineasta e fotógrafa Bruna Monteiro.
A partir de uma experiência pessoal, quando se viu ao lado de um amigo diagnosticado com câncer, o “saber lidar” com a doença do outro foi o mote para levar suas descobertas para um tanto de gente mundo afora. Mulheres dos cinco continentes foram ouvidas e compartilharam sentimentos de dores, medos e esperanças.
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“Tudo nasceu de uma inquietação pessoal e, nessa jornada de entender melhor o câncer, surgiu o projeto. A ideia era ouvir mulheres, empoderá-las, levar informações a outras pessoas e dessa forma, ajudar no enfrentamento da doença”, conta Bruna em conversa com a Folha de Pernambuco.
Cinco episódios integram a primeira temporada do podcast - que pode ser acessado nas principais plataformas digitais. A abordagem traz a temática do câncer sob o ponto de vista de mulheres com a doença e profissionais da área de saúde.
Relatos sobre como “o homem não consegue ficar com uma mulher mutilada” e o quanto a arte e o trabalho são fatores de peso no enfrentamento da doença, são alguns dos assuntos explorados. “Elas trazem uma visão delas mesmas nesse processo de perguntas sobre escolhas feitas na vida. Tem muitas mulheres, por exemplo, que voltam a fazer o que gostam ou mudam de profissão, com a doença”, explica.
O novo formato do projeto foi sugerido pela jornalista Helena Portilho, voluntária há quatro anos e à frente das entrevistas levadas aos episódios. Ao lado dela, Bruno Silva é o encarregado pela edição e técnica de som. Os dois, aliás, somam-se ao grupo de colaboradores focados em explorar escutas de mulheres e quebrar tabus sobre a doença.
“Inicialmente, éramos um amigo e eu, hoje contamos com voluntários jornalistas, designers, publicitários, cineastas e gestores de projetos. Entendemos que o formato de podcast neste momento de pandemia, é uma forma de seguir produzindo conteúdos sem sair de casa e continuar trabalhando conteúdos humanizados, ouvindo o outro, informando e conectando pessoas e histórias”, ressalta Bruna.
Com os quatro primeiros episódios gravados em parceria com a Rádio Paulo Freire, espaço que também serviu para que um programa sobre a temática fosse produzido, o podcast encerra o primeiro ciclo com a psico-oncologista do Grupo de Apoio para Pacientes com Câncer (Gaapac), Helena Pedrosa; o médico dos Hospital das Clínicas, Luís Alberto; a professora do Colégio de Aplicação e da UFPE, Kátia Aquino; a jornalista e a idealizadora do espetáculo "Magna", Christiane Galdino e a diretora da ONG Inspire Ser, Carine Cidade.
O primeiro episódio foi ao ar em junho e nesta quarta-feira o terceiro EP será apresentado. Em agosto, a primeira temporada é encerrada. “Estamos em busca de parceiros para seguir adiante, inclusive com uma websérie para o mês do Outubro Rosa. São cinco anos do projeto e queremos resumir todos os conteúdos nesta produção on-line. Comunicação humanizada é um fator de prevenção”.