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Carnaval 2021

"Quando Fevereiro Chegar": projeto rememora Carnaval de Pernambuco com ocupações no Capibaribe

Idealizado pelo Estesia, projeto faz releitura de clássico de Geraldo Azevedo em single lançado nesta sexta (15) por meio de live e intervenções artísticas

Personagem mascarado representa a tristeza de umPersonagem mascarado representa a tristeza de um - Foto: Luara Olívia

Fevereiro não vai chegar. Ao menos para o melhor Carnaval em linha reta do mundo, que alterna entre o sobe e desce das ladeiras de Olinda, o saudosismo do Bairro do Recife e a tradição dos papangus de Bezerros, entre tantos outros simbolismos que faz da Folia de Momo um habitat de orgulho para quem é ou passa pela ‘Terra dos Altos Coqueiros’.

 Mas ao contraponto do vazio da época, (re)leituras de ocupação de espaços e, sobretudo, de sentimentos aflorados, são bem-vindos, tais quais as que serão explorados nesta sexta-feira (15) pelo grupo pernambucano Estesia, que inova na interpretação do refrão clássico “Chorando e Cantando”, leia-se: “Quando Fevereiro Chegar”, trecho da composição de Geraldo Azevedo e Fausto Nilo e que dá nome ao single disponibilizado nas plataformas digitais, com transmissão ao vivo pelo Instagram do projeto, às 17h, direto do Bairro do Recife.

O lançamento, acompanhado de intervenções que seguem pelo rio Capibaribe com projeções de luz e laser na vegetação, nas pontes e moradias, traz nos vocais a cantora, compositora e poeta Nina Oliveira, voz lampejante no documentário "AmarElo", de Emicida, recém-lançado pela Netflix.
 


A artista vai interagir em live, diretamente de São Paulo, com Carlos Filho, integrante do Estesia. Cleison Ramos, Miguel Mendes e Tom BC completam o grupo e estarão a postos nas interferências artísticas nas ruas.

 

Nina, cantora, compositora e poeta paulistaNina Oliveira, cantora e compositora                         Crédito: Divulgação

O single é o primeiro de uma sequência de outro que aportará na semana pré-carnavalesca, dentro de um cancioneiro que perfaz a música popular de rua em Pernambuco e que tem sido, para o projeto, objeto de pesquisa.

“Para nós, pernambucanos, o Carnaval sempre foi um estado de espírito antes de tudo. Um sentimento que começa antes de fevereiro, escolhendo uma fantasia, não marcando compromissos na proximidade do sábado de Zé Pereira ou indo para as prévias.

Carnaval é uma força que traduz o maior sentimento de potência da vida, parece contraditório, mas ficar em casa nesse momento é preservar esse sentido”, ressalta Carlos, que deseja "provocar as pessoas a pensarem em como ressignificar esse sentimento sem poder ir às ruas e sem aglomeração”.

Tomados pela sensibilidade pulsante e característica do grupo, Carlos conta que o Estesia não passou por outra canção, senão a de Geraldo e Fausto. “Exatamente há um ano, abrindo a temporada de shows e durante a montagem, já tomados por esse clima de prévia, alguém cantarolou a melodia e ajustando os instrumentos, começamos a tocá-la e o coração quase pula do peito de tanta euforia”.
 

Carlos Filho, integrante do grupo pernambucano EstesiaCarlos Filho, integrante do coletivo pernambucano Estesia           Crédito: Estesia/Divulgação

O material produzido durante a imersão vai ser captado pelo artista visual Felipe Schuler, compilado e disponibilizado nas redes sociais. Em compasso que mescla força e sutileza, equilíbrio polido respectivamente por Nina e Carlos, há um coração cadenciado por batidas ao fundo, típicas de quem guarda afetividades por todos os fevereiros. 

Harmonia que se estende à capa do single, em preto e branco - assinada pela artista visual Luara Olivia, cuja representação de um personagem mascarado e cabisbaixo, respalda o sentimento sempre urgente de um folião.

“Ocupar e interagir com a Cidade na época em que ela é mais ocupada por arte, música e gente. Vamos viver o Carnaval em casa, apelando para o lado bom da saudade e das memórias. O Estesia é um coletivo de performance, e para nós tentar ocupar artisticamente a Cidade e seus espaços, sem aglomerações e com segurança sanitária, é estimular a criatividade e imaginação num momento tão difícil que vivemos no mundo”, completa Carlos.

Ele se junta a outros milhares de corações partidos pela ausência da festa, cancelada por uma pandemia que traz a perda de vidas como carro-chefe e uma tristeza que vai ser incrementada quando a última folhinha do calendário de janeiro passar e trouxer um ressonante “Ai ai, ai ai, a gente chora”.


"Chorando e Cantando" (Geraldo Azevedo e Fausto Nilo)

Quando Fevereiro chegar

Saudade já não mata a gente

A chama continua

No ar

O fogo vai deixar semente

A gente ri a gente chora

a gente chora

Fazendo a noite parecer um dia

Faz mais

Depois faz acordar cantando

Pra fazer e acontecer

Verdades e mentiras

Faz crer

Faz desacreditar de tudo

E depois

Depois amor ô, ô, ô, ô

 

Ninguém, ninguém

Verá o que eu sonhei

Só você meu amor

Ninguém verá o sonho

Que eu sonhei

 

Um sorriso quando acordar

Pintado pelo sol nascente

Eu vou te procurar

Na luz

De cada olhar mais diferente

Tua chama me ilumina

Me faz

Virar um astro incandescente

O teu amor faz cometer loucuras

Faz mais

Depois faz acordar chorando

Pra fazer acontecer

Verdades e mentiras

Faz crer

Faz desacreditar de tudo

E depois

Depois do amor ô, ô, ô, ô

 

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