Música

Quinteto Violado: 50 anos de trajetória contados em livro de José Teles

"Lá Vem os Violados - Os 50 Anos da Trajetória Artística do Quinteto Violado", ganha lançamento nesta quarta-feira (20), no Teatro de Santa Isabel

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Conversar com o jornalista paraibano José Teles desemboca em histórias, memórias, passado, presente e futuro. E histórias, memórias, passado, presente e futuro da música, poucos sabem contar como ele.

Tal qual poucos souberam/sabem contextualizar a cultura popular do Nordeste, melodiando em concertos antológicos e arranjos irrepreensíveis como faz o Quinteto Violado, que neste 2021 completa 50 anos de trajetória, resgatada no livro “Lá Vem os Violados –  Os 50 Anos da Trajetória Artística do Quinteto Violado”, assinado por Teles.

O livro, da Companhia Editora de Pernambuco (Cepe), ganha lançamento nesta quarta-feira (20), em noite de autógrafos no Teatro de Santa Isabel, espaço que detém ‘pompa e circunstância’ propícias para a celebração, que terá também show apresentado pelos músicos, para convidados. 

 

 

A primeira edição do livro (Bagaço, 2012), já compilava histórias satisfatoriamente interessantes do grupo, que no ano anterior comemorou quatro décadas de música. Mas, segundo Teles, o tempo curto para findar os escritos não foi suficiente para explorar o tamanho do Quinteto, detentor de um “arquivo enorme” habilmente distribuído ao longo das 248 páginas da ampliada edição atual.

“Eram dezenas de pastas com história, cartazes, ingressos, o escambau. Eu li tudo, mas acabou passando coisas importantes. Agora tive tempo de reler, corrigir, acrescentar fatos novos e mais dez anos da carreira da banda”, ressalta.

E de fato, a trajetória dos ‘meninos que brincavam ali num terreno difícil e áspero, cravejado de pedra e granito, no sol de Nova Jerusalém’, como conta o recente single “Tempo”, de Dudu Alves, sobre o início da estrada dos cinco rapazes que a partir de 1971 passaram a cantar o Nordeste, está devidamente contada na obra.
 

José Teles, jornalista, crítico e escritorJosé Teles, jornalista, crítico e escritor          Crédito: Rafael Passos

Importância do grupo
“Costumo dizer, e escrever, que o Quinteto quando surgiu teve o mesmo impacto de Chico Science & Nação Zumbi. A música que eles faziam era ignorada, vinha da cultura popular, ciranda, cavalo marinho, frevo. Eles colocaram as violas na moda, o próprio movimento udigrudi dos anos 1970 teve influência. Aí veio a Banda de Pau e Corda, Concerto Viola, Som da Terra, Bolo de Feira (SE), os Tapes (RS), pelo País jovens passaram a se interessar pela cultura popular regional”, conta Teles.

“Lá Vem os Violados” - que pode ser adquirido em formato físico (R$ 50) e em e-book (R$ 15), via site e lojas físicas da Cepe -  traz entre as curiosidades a proibição de “Mourão Voltado” (1978), composição de Toinho Alves. “Isto é Mourão voltado/isto é voltar mourão’, uma cantoria de viola, eles achavam que se referia ao General Mourão Filho, que deflagrou o golpe de 1964 em Minas”, destaca Teles.

Atualmente o Quinteto é formado por Sandro Lins, Roberto Medeiros, Ciano Alves, Dudu Alves e Marcelo Melo – este, remanescente da composição original do grupo. São eles que seguem com a missão de preservar o público,  principalmente de fora do Estado.

“Vi um show deles em Porto Alegre, num teatro grande e lotado. Estranhamente aqui em Pernambuco, sobretudo no Recife, o publico deles é de pessoas que seguem a banda há décadas. Isso é um fenômeno atual. A Spok Frevo raramente faz concerto aqui, faz muito mais lá fora. Com Naná Vasconcelos acontecia a mesma coisa. A maioria conhece os dois do Carnaval”.

A ideia para terceira edição do livro foi da CEPE – que ficou à frente também da criação da capa, tomada por um chinelo de couro. “São poucos os grupos no País com tantos anos de carreira, ainda na estrada, fiel a uma estética”, reforça o escritor que salvaguarda no livro um dos grupos mais revolucionários em (re)invenções da música.

“O Quinteto recriou-se quando começou a usar teclados, até então era uma banda de pau e corda. Depois se reinventou no repertório e gravou discos de grupos de cultura popular do Nordeste”, finaliza Teles que, perguntado sobre arranjos memoráveis do grupo, além do que foi feito para “Asa Branca”, um dos mais badalados, destaca o produzido para “Missa do Vaqueiro”. “Particularmente acho sensacional”.

O mestre Luiz Gonzaga decerto teria também o “Tengo, lengo, tengo, lengo” (re)criado pelo Quinteto Violado, como uma das mais vistosas exaltações já feitas a Raimundo Jacó e aos vaqueiros nordestinos.

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