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Realeza raiz: Antonio Fagundes assume postura saudosista e exalta nova reprise de "O Rei do Gado"

Ator volta a perceber a curiosidade e o carinho do público em torno de um de seus personagens mais marcantes

Antônio Fagundes, protagonista de "O Rei do Gado"Antônio Fagundes, protagonista de "O Rei do Gado" - Foto: Divulgação

Todas as novelas têm um fim. Alguns personagens, entretanto, permanecem na vida de seus intérpretes. É essa a relação de Antonio Fagundes com o fazendeiro Bruno Mezenga, protagonista de “O Rei do Gado”. Com a terceira reprise da novela na tevê aberta, o ator volta a perceber a curiosidade e o carinho do público em torno de um de seus personagens mais marcantes.

“Sou o ‘Rei do Gado’ para muita gente ainda hoje. Não só no Brasil, mas no mundo inteiro, especialmente em países como Rússia e Hungria. Se viajo para cidades da América Latina, tem sempre alguém que me chama de ‘El Rey del Ganado’”, destaca, entre risos.

Natural do Rio de Janeiro, Fagundes é do tipo que trata a profissão de ator sem muitos floreios. A visão por vezes pragmática é responsável pela aura de profissionalismo que se criou em torno dele. “Sou pontual, dedicado e decoro texto com muita facilidade. Não sei ser diferente”, garante.

Com passagem pela extinta Tupi – onde estreou em “Nenhum Homem é Deus”, de 1969 –, foi na Globo que Fagundes conquistou boa parte dos grandes papéis de sua carreira, em produções como “Amizade Colorida”, “Carga Pesada”, “O Dono do Mundo”, “Rainha da Sucata”, “Renascer” e, mais recentemente, em “Amor à Vida” e “Bom Sucesso”.

No último mês de setembro, o vínculo de exclusividade com a emissora chegou ao fim depois de mais de quatro décadas. “São as novas políticas da casa. E, no fundo, é uma tática boa para todo mundo. Essa movimentação dos atores em torno dos próprios desejos é muito interessante”, avalia.

“O Rei do Gado” está sendo reprisada pela terceira vez no “Vale a Pena Ver de Novo”. Como é rever esse trabalho depois de mais de 25 anos da exibição original?

R - A novela fez muito sucesso e é normal que, de vez em quando, a gente se depare com ela de novo. Tenho visto de vez em quando algumas cenas e é impressionante como a trama e as cenas são envolventes, realistas e atuais. O Benedito (Ruy Barbosa, autor), como sempre, toca em assuntos que mexem com o Brasil e cria personagens que conseguem conquistar e manter a conexão com o público mesmo depois de tantos anos.

Ainda o chamam de Rei do Gado nas ruas?

R - Bastante. E sinto essa resposta calorosa toda vez que a novela volta a ser destaque. O Bruno foi realmente um personagem fortíssimo e isso gera uma proximidade enorme com o público. Virou uma marca muito forte na minha carreira. Porém, inicialmente, o público estranhou um pouco.

Como assim?

R - Antes de começar a gravar, passei um tempo no interior de Goiás, onde conheci alguns fazendeiros, peões, comerciantes e outros tipos da região. Esse convívio, é claro, acabei utilizando no personagem. O jeito especial do Bruno falar causou uma certa estranheza junto ao público, mas depois acabou sendo incorporado definitivamente ao personagem. Foi muito especial perceber que o telespectador foi entendendo e abraçando o protagonista. Em menor grau, as pessoas também lembram muito do Antonio, o avô do Bruno, que interpretei na primeira fase.

Você é o único ator que participa das duas fases da trama. Foi difícil virar a chave de um papel para o outro?

R - O trabalho de preparação foi diferente, mas complementar. Estar na história desde o início me mostrou a dimensão daquele protagonista. O entrega foi árdua, mas insisti com o Benedito e o Luiz Fernando (Carvalho, diretor) para estar nas duas fases e fui atendido. Na época, estava com muita saudade de trabalhar com os dois quase três anos depois do final de “Renascer”, aí topei fazer o protagonista contanto que eles me desse também um papel na primeira fase (risos).

E qual sua fase preferida da novela?

R - Sou suspeito. Gosto tanto da fase de época como da urbana. Porém, minha cena favorita está na primeira parte, que é a ida do Enrico (Leonardo Brício), filho do meu personagem, Antonio, para a guerra. Ele fala que vai para o combate porque o pai não o deixa se casar com a filha do Giuseppe Berdinazzi (Tarcísio Meira), a Giovanna (Leticia Spiller). É uma cena linda, cinematográfica: o filho indo para o portão, com o pai e a mãe desesperados na fazenda.

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