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CINEMA

"Regra 34" discute sobre os limites da sexualidade

Novo filme de Julia Murat conta a história de Simone, uma advogada de dia e "cam girl" durante a noite

Regra 34Regra 34 - Foto: Divulgação

O filme brasileiro “Regra 34”, dirigido por Julia Murat, chega nesta quinta-feira (19) às salas comerciais do País. Com um elenco composto por nomes como Sol Miranda, Lucas Andrade, Lorena Comparato, Babu Santana e Isabela Mariotto, o longa aborda um drama que levanta questionamentos sobre pornografia na internet e os limites da fetichitização. 

“Regra 34” retrata a vida de Simone (Sol Miranda), uma jovem negra que bancou seus estudos fazendo performances online de sexo como “camgirl”. Após ser aprovada em uma defensoria pública, ela passa a viver uma vida dupla na qual durante o dia defende mulheres em casos de abusos domésticos e durante a noite se expõe na web em práticas sexuais extremas por “tokens”, a moeda virtual que seus fãs trocam por pedidos específicos para a atriz. A diretora explica o porquê da escolha do direito como “cenário” para o enredo.

“A defensoria me parecia o melhor jeito de falar sobre os direitos e controle do corpo, já que é um ramo que fala sobre monopólio das coisas, inclusive de nós mesmos. Então se a gente está querendo conversar sobre limites da carne, era muito natural esse ser o trabalho da personagem”, defende Murat. 

Trajetória premiada
Em agosto do ano passado a obra ficou famosa ao rodar em diversos festivais de cinema, como a Mostra Première Brasil do 24º Festival do Rio e a 46ª Mostra Internacional de Cinema, em São Paulo. Além levar para casa o Leopardo de Ouro, prêmio máximo do 75ª edição do Festival de Locarno, na Suíça; o prêmio de Melhor Direção de Ficção da Première Brasil, no Festival do Rio, e o Prêmio Especial do Júri no Festival do Novo Cinema Latino-Americano de Havana. A película segue sua trajetória com participação marcada em mais de 30 eventos em vários países neste ano.

Nenhuma surpresa, visto que Júlia já carrega um histórico de honras em cinemas mundiais desde sua primeira ficção: “Histórias que Só Existem Quando São Lembradas” (2011), que estreou no Festival de Veneza e ganhou 39 prêmios internacionais. Outros filmes dela como “Pendular” (2017) e seus dois documentários, “Dia dos Pais” (2008) e “Operações de Garantia da Lei e da Ordem” (2017) também foram reconhecidos mundialmente.

“Eu sou filha de Lucia Moraes, uma cineasta com uma trajetória importante e uma mulher que já tem um significado na indústria. Ser filha dela me deu esse privilégio e caminhos no mercado de filmes, mas não são esses prêmios que me fazem uma cineasta. Uma coisa que minha mãe me ensinou é que quem faz cinema não é quem recebe ‘sim’, é quem recebe não e continua fazendo”, conta a diretora.


Tudo é fetiche
O título do filme se refere a um meme da internet que afirma que qualquer objeto, personagem ou mídia imaginável possui uma pornografia associada a ele. A protagonista é o próprio paralelo com esta regra, já que em cada live ue transmite, ela vai desafiando seus limites eróticos.
 
A grande questão da obra é justamente até onde vai o livre arbítrio sexual da mulher. Simone alterna entre medo de arriscar a própria vida com um novo fetcihe (asfixia) e raiva com qualquer um que tente inibir ela.
Por se tratar de cenas de teor adulto, a produção tomou medidas para evitar desconforto entre os atores e não se tornar o próximo “Azul é a Cor Mais Quente” (2013), que ficou difamado após os escândalos de assédios durante as filmagens. 

"Foi feita uma grande pesquisa de filmes que filmavam sexo de maneiras diversas. A gente evitou três tipos de imagens: imagens românticas, eróticas e pornográficas. Nós não queríamos gerar tesão no espectador e, sim, documentar a tesão nos personagens”, declara Julia. 


SAIBA MAIS
O que é uma "cam girl" ou um "cam boy"?
"Cam" se refere à webcam. Uma "cam girl", ou "cam boy", faz exibições eróticas do corpo pela internet e monetiza a atividade - realizando também os fetiches de clientes

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