Relação entre arte e comida é tema de série gastronômica
Com direção de Bárbara Cunha e Paulo Caldas, “Comida é arte - Terroir Brasil” conta com 13 episódios filmados entre São Paulo e Pernambuco
É certo que a preparação de uma receita envolve diversos processos criativos, desde a escolha dos ingredientes até a montagem do pratos. Seria correto classificar, portanto, a gastronomia como forma de expressão artística? É esse questionamento que guia “Comida é arte - Terroir Brasil”, série documental dirigida por Bárbara Cunha e Paulo Caldas, que vai ar pelo canal por assinatura Travel Box Brazil.
Ao longo de 13 episódios, o programa investiga a cozinha brasileira a partir de seu terroir - as características territoriais essenciais de um lugar, como solo, clima e a ação humana. Nesta temporada inicial, a produção passeia pelos estados de Pernambuco e São Paulo, apresentada pelo crítico gastronômico Josimar Melo. O segundo episódio será exibido na sexta-feira, às 20h30, com reprises no sábado, às 14h e 6h; na segunda, às 4h30; e na terça, às 8h30.
A proposta da série surgiu de Paulo Caldas e de seu interesse pela culinária ao redor do mundo. “Eu sou aficionado por tudo o que se refere à gastronomia. Quando viajo, procuro pesquisar e saber mais sobre a comida dos lugares onde vou”, conta o cineasta, que ainda divide o roteiro com Giovanni Soares. Para embasar sua investigação, a equipe ouviu chefs, artistas de diferentes linguagens, produtores rurais, jornalistas e sociólogos.
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“A gente queria muito entender como a comida, sendo parte da nossa cultura, forma a nossa identidade. Levamos essa reflexão para os nossos convidados, mas a intenção não é encontrar uma resposta final. Levantamos o mote para as pessoas pensarem”, afirma Bárbara. Entre os entrevistados, estão os chefs André Saburó, Cézar Santos, Carmem Virginia e Bel Coelho; os artistas visuais Bozó Bacamarte e José Patrício; o fotógrafo Wagner Ramos; a jornalista Vanessa Lins e Lecticia Cavalcanti, colunista da Folha de Pernambuco.
Entre idealização, captação de recursos e filmagens, a série levou cerca de cinco anos para sair do papel. Para Josimar Melo, a originalidade do formato é um dos atrativos do programa. “A gastronomia está na moda em diversas mídias. Mas o que a gente vê na TV, geralmente, são programas de receitas, competição culinária ou de viagens de turismo gastronômico. Essa série consegue fugir desses padrões falando de um assunto que é também polêmico, porque muita gente estuda e debate o que é de fato esse ofício de fazer comida”, aponta.
Escolher Pernambuco e São Paulo como cenários dos episódios teve motivações, primeiramente, afetivas. Bárbara e Paulo são pernambucanos e residem na capital paulista há alguns anos. Já Josimar nasceu no Recife e, embora viva desde criança na “terra da garoa”, ainda mantém laços com sua cidade de origem. “Gravar nesses dois estados foi um ótimo pontapé inicial. A gente quer outras temporadas varrendo o Brasil, a América Latina e o mundo. A premissa da série vale uma investigação para qualquer lugar do planeta”, comenta o apresentador.
A segunda temporada já foi estruturada pelos produtores, que ainda não revelam os próximos estados que serão visitados. “Como é uma série documental, a gente consegue vislumbrar a possibilidade de realizá-la dentro dos parâmetros de segurança impostos com a pandemia. Obviamente que, se a gente pensava em começar a realizar essa filmagem no segundo semestre, esses planos serão adiados um pouco”, explica Bárbara.