Marília Mendonça

Relatório de órgão da FAB aponta "avaliação inadequada" de piloto em acidente aéreo

Documento cogita que opção por manobra teria como objetivo "aproximação final mais longa" no pouso, que seria mais confortável para os passageiros

Marília MendonçaMarília Mendonça - Foto: Reprodução

Divulgado na noite desta segunda-feira (15), o relatório do Centro de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticas (Cenipa), da Força Aérea Brasileira (FAB), aponta uma "uma avaliação inadequada" pelo piloto no momento da aproximação para pouso, "uma vez que a perna do vento foi alongada em uma distância significativamente maior do que aquela esperada para uma aeronave de 'Categoria de Performance B'".

Mais cedo, Robson Cunha, advogado da família de Marília Mendonça, disse em entrevista coletiva que o documento apontava que "as decisões do piloto não foram irregulares".

Contudo, nas conclusões do relatório de 63 páginas um item dá conta de que "a aproximação do PT-ONJ (prefixo da aeronave) foi iniciada a uma distância significativamente maior do que aquela esperada para uma aeronave de 'Categoria de Performance B' e com uma separação em relação ao solo muito reduzida".

 

Mais à frente, na seção "Fatores contribuintes", o documento destaca o "julgamento de pilotagem" como fator que pode ter contribuído com o acidente. Outros fatores relacionados ao pouso foram considerados indeterminados: "Memória" ("O hábito de realizar aproximações com final longa em outro tipo de operação, pode ter ativado sua memória processual, envolvendo as atividades cognitivas e habilidades motoras, tornando as ações automatizadas em relação ao perfil executado no acidente") e "Planejamento de voo" ("Uma possível não utilização das cartas aeronáuticas disponíveis, que tinham por finalidade atender as necessidades do voo visual, pode ter contribuído para uma baixa consciência situacional acerca das características do relevo no entorno do aeródromo de SNCT e da presença da linha de transmissão que interferiu na aproximação para o pouso da aeronave").

Outro trecho do relatório informa que a Comissão de Investigação buscou inferir razões do procedimento no pouso, "a despeito de não haver quaisquer limitações operacionais da aeronave ou de tráfego aéreo que restringissem o alongamento da perna do vento". Uma hipótese levantada é que o piloto "pode ter optado por alongar a perna do vento a fim de buscar uma aproximação final mais longa, a qual tende a ser mais confortável para os passageiros".

O advogado da família da cantora também havia destacado a falta de sinalização das nos cabos de energia foi um fator preponderante para o acidente. O relatório, apesar de apontar que "a linha de transmissão de 69 kV não se enquadrava nos requisitos que a qualificassem como um obstáculo ou objeto passível de ser sinalizado", destaca que "o cabo para-raios da linha de transmissão de 69 kV possuía baixo contraste em relação à vegetação ao fundo". Entre as recomendações, está "realizar gestões junto à Companhia Energética de Minas Gerais S.A. (CEMIG), de modo a sinalizar, em caráter excepcional, a linha de transmissão de 69 kV no trecho correspondente ao prolongamento da pista 02 de SNCT".

O acidente
No dia 5 de novembro de 2021, a aeronave de matrícula PT-ONJ caiu no município de Piedade de Caratinga após colidir com um cabo da Companhia de Energia de Minas Gerais (Cemig), conforme revelado pelo GLOBO. Todas as cinco pessoas dentro do bimotor morreram. Além de Marília, o avião levava o produtor Henrique Bahia, o assessor Abicieli Silveira e os pilotos Geraldo Martins de Medeiros e Tarciso Pessoa Viana.

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