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Resenha

Reprise de “Flor do Caribe” exibe lindas paisagens, mas sofre com a falta de conteúdo

Foi uma aposta solar, em belos cenários, mas nada além disso

Flor do CaribeFlor do Caribe - Foto: Reprodução/Tv Globo

Recorrer às reprises em momentos de emergência, como o da atual pandemia do novo coronavírus, é certamente uma boa saída. Por outro lado, é preciso que essas reapresentações sejam de produtos que deixaram saudade. Daí a surpresa por ser dada, na faixa das 18h da Globo, uma segunda chance para “Flor do Caribe”. A novela, exibida originalmente em 2013 e escrita por Walther Negrão, não chegou a passar vergonha. Mas ficou longe de se tornar um marco do horário. Foi uma aposta solar, em belos cenários, mas nada além disso.

O próprio começo da história se mostra insosso demais – um amargo contraponto ao clima salgado de praia que impera ali. Alberto, papel de Igor Rickli, de cara mostra sua dor de cotovelo ao ver que o amigo de infância Cassiano, vivido por Henri Castelli, está namorando firme a bela Ester, personagem de Grazi Massafera. Pelo visto, a rivalidade – que por enquanto acontece apenas da parte do vilão – é antiga. Esse despeito é o ponto de partida para um plano surreal, bem no estilo “coisa de novela”.

Alberto pede ao amigo para entregar uma encomenda de diamantes a um cliente na Guatemala. Mas, na verdade, o cara é um chefe da máfia que prende Cassiano no Caribe e o escraviza, fazendo-o trabalhar em uma mina de diamantes, enquanto todos o dão como morto no Brasil. O plano dá certo, mas só por sete anos, quando o mocinho consegue fugir e, é claro, retorna para reconquistar a amada e se vingar do algoz.

O que há de melhor em “Flor do Caribe” é o entorno. As tramas paralelas são bem mais interessantes que o triângulo amoroso formado pelos mocinhos e o principal vilão. Como a história de Samuel, uma interpretação tocante de Juca de Oliveira. Pai de Ester, o homem é um sobrevivente do holocausto e guarda sequelas psicológicas traumáticas disso. Há ainda um clima aventureiro por conta do time de pilotos de caças da Força Aérea Brasileira, grupo do qual o próprio Cassiano faz parte. E que vive rodeado por belas mulheres.

Falta conteúdo a “Flor do Caribe”, mas sobra otimismo e – exceto pelo drama enfrentado pelo mocinho Cassiano nessa fase inicial – leveza à trama. E provavelmente foi esse o maior trunfo da novela para ser a escolhida para ser reprisada, nessa fase tão crítica para os brasileiros. Curiosamente, sua estreia no último dia 31 conquistou 22 pontos de média de audiência, quatro pontos a mais que os 18,4 registrados em seu primeiro dia de exibição original e um ponto a mais que a média dos 159 capítulos apresentados. É claro que o home office de uma parte da população e a corrente para estimular as pessoas a ficarem em casa em tempos de pandemia ajuda. Mas isso mostra que, talvez, seja mesmo a hora de se sentar à frente da tevê sem grandes expectativas, para contemplar as belas sequências de praia e pôr do sol.

 

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