"Ameaça Invisível": Alice Braga falha em distrair público da atuação inexpressiva de Ben Affleck
Dirigido por Roberto Rodriguez, longa-metragem chega aos cinemas nesta quinta-feira (26)
Grade de cores sobressaturadas, excesso de efeitos visuais sem finalidade genuína para além de "achei maneiro", roteiro pseudo-científico-distópico mal desenvolvido e, é claro, Ben Affleck escalado como protagonista de parâmetro de integridade. "Hypnotic - Ameaça Invisível" chega hoje aos cinemas e nos transporta de volta aos anos de ouro da ficção especulativa da indústria audiovisual.
A princípio, a história é centrada na busca de Daniel Rourke (Affleck) pela sua filha Minnie (Hala Finley), desaparecida durante um passeio ao parque. Através de uma série de roubos orquestrados por um homem de terno e aparência onipotente (vivido por William Fichtner), à la mode Morgan Freeman em "Todo Poderoso", o detetive de polícia inicia uma investigação assídua. Com o apoio da médium Diana Cruz (Alice Braga), Daniel se encontra inserido em uma conjuntura mística na qual poderes hipnóticos são capazes de exercer influência sobre as percepções de realidade dos indivíduos.
O longa é dirigido por Robert Rodriguez, cineasta conhecido por “Alita” (2019); trabalhos com grandes nomes como Frank Miller e Quentin Tarantino como “Sin City” (2014) e “Um Drink no Inferno” (1996); e clássicos de Sessão da Tarde como “As Aventuras de Sharkboy e Lavagirl”(2005) e “Pequenos Espiões” (2001). Famoso por transformar filmes de baixo orçamento em grandes retornos de bilheteria, a maioria das suas filmagens são feitas no México, País de origem dos seus pais, ou na sua cidade natal, San Antonio, no Texas.
Rodriguez trabalha na sua zona de conforto em “Hypnotic”, desde o uso das cores na sua cinematografia, que mais parecem filtros de Instagram, até no gênero de ação com roteiro mirabolante. Mas, ao mesmo tempo que traz um toque de familiaridade para seu novo longa, ele continua explorando novos territórios e, a cada obra, amadurece um pouco mais seus enredos e trata de temas mais pesados, como, desta vez, um sequestro. No entanto, esse pode não ser o caminho certo, já que sua direção mais descontraída não combina com tramas do tipo e, apesar de momentos meio bestas em filmes infantis serem comuns, em um cinema mais sério certas cenas soam apenas constrangedoras.
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Além disso, o gênero de ação atualmente tem se tornado mais rebuscado e sutil. Enquanto o autor parece estar preso ainda no passado, recheando a película com diálogo expositivo e momentos clichês, os críticos estranham os momentos ultrapassados, o que explica a recepção negativa nos sites de críticas.
A formatação do longa-metragem de Robert Rodriguez é construída através de um acervo de retalhos feitos a partir de outras produções motoras do gênero, como "Matrix", Truque de Mestre" e, em especial, "Inception" - obedecendo às séries de reviravoltas responsáveis pelo apelo comercial do filme. Contudo, a inspiração não se estende à qualidade e o cineasta falha em replicar os valores dos clássicos durante as 1h31 de duração e parece se perder dentro das suas milhares temáticas exageradas.
A explicação para um longa tão obsoleto talvez seja pelo fato de que o próprio Rodriguez já contou em entrevistas que escreveu a primeira versão da trama em 2002, no seu auge como diretor, quando estava construindo sua entrada triunfal em Hollywood. E, de fato, “Hypnotic” provavelmente teria sido um sucesso nesse período tão fértil na história do cinema, mas essa onda de homenagear o passado já está saturada na indústria do audiovisual.