Réu pela morte de Jeff Machado estava cavando, no dia do assassinato, onde ator foi enterrado
Jeander Vinícius responde pelo crime ao lado de Bruno Rodrigues. Na última audiência do processo, ele se apresentou como pedreiro e disse que complementa a renda como garoto de programa
Jeander Vinícius da Silva Braga, de 30 anos, acusado de matar Jeff Machado, disse que cavava, no dia do crime, a cisterna onde o corpo do ator foi enterrado, em Campo Grande. A afirmação foi feita durante a última audiência de instrução do caso, na sexta-feira, quando foram ouvidas cinco testemunhas e Jeander, que acusou o produtor de TV Bruno de Souza Rodrigues pelo assassinato. Este decidiu se manter em silêncio durante a sessão no Tribunal de Justiça do Rio.
No depoimento, Jeander explicou que completava a renda de pedreiro fazendo programas e filmes adultos, e havia sido contratado por Bruno em meados de 2022. Os dois teriam se encontrado de quatro a cinco vezes naquela época, criando uma amizade. Foi assim que, em dezembro daquele ano, o produtor teria comentado com Jeander a necessidade de uma reforma em uma quitinete alugada por um amigo. A obra teria começado em janeiro de 2023 e envolvia a troca de janelas e pisos, do portão de entrada, e a construção de uma cisterna no quintal. Ao todo, o acusado receberia R$ 1 mil pelo serviço.
Durante a semana em que trabalhou no terreno, na Rua Itueira, Jeander disse ter feito dois programas no imóvel, com pessoas conhecidas, e que, no dia 23 de janeiro, teria recebido uma proposta de Bruno para a gravação de um vídeo erótico com um homem chamado Jeff. O acordo feito era de que, ao final do expediente na obra, o produtor iria buscar Jeander, acompanhado por Jeff, e os três iriam para a casa do ator, em Guaratiba. O pagamento seria à parte do valor combinado pela reforma.
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Ao chegaram no imóvel, Jeander disse que os três conversaram rapidamente, e que o vídeo seria gravado em comemoração a um contrato firmado por Jeff para um papel em novela. Em dado momento, o pedreiro teria ido até a suíte do ator para tomar banho, já que estava sujo de terra, e, ao sair do chuveiro e entrar no quarto, teria visto Jeff morto ao pé da cama. Nesse momento, ele teria perguntado a Bruno: "O que você fez, cara?", e este teria dito "Agora você está comigo, é isso aí".
Coagido por Bruno, Jeander disse que ajudou na ocultação do cadáver, levando o corpo de Jeff, dentro de um baú, para ser enterrado na cisterna que estava cavando. À Justiça, disse que se arrepende de ter feito isso, e que não foi à polícia por medo de ser acusado como autor do crime.
Inquérito concluído
Segundo a polícia, Jeff Machado foi morto por motivo fútil, sendo dopado, asfixiado e estrangulado com um fio de telefone. O crime aconteceu na casa onde a vítima morava, em Guaratiba, na Zona Oeste do Rio. O corpo foi colocado em um baú do próprio ator, que foi enterrado e concretado nos fundos de um imóvel no bairro Campo Grande, alugado por Bruno, em dezembro de 2022, exclusivamente, para ocultar o cadáver.
As investigações revelaram que Bruno havia prometido para a vítima um papel em uma novela. O ator fez pagamentos, no valor total de R$ 25 mil, para conseguir a vaga e não percebeu que estava sendo enganado. De acordo com o inquérito, após constatar que não conseguiria continuar com a farsa e seguir tendo vantagens financeiras, Bruno decidiu matar Jeff.
Jeander foi quem transportou o corpo do ator até o imóvel alugado, sendo responsável por abrir o buraco onde foi depositado o baú com o cadáver. A DDPA concluiu que Bruno tentou vender o carro de Jeff e fez compras com cartões da vítima, totalizando R$ 7 mil. Os autores também furtaram telefones, notebook, jaquetas de couro e a televisão do ator.
Também após a morte, os oito cachorros do ator foram encaminhados para um centro espírita, no bairro Palmares, onde sofreram maus-tratos e foram abandonados na rua. A situação dos cães foi o que chamou a atenção de parentes e amigos de Jeff, e fez a polícia mudar a investigação de desaparecimento para homicídio doloso.