Roteiristas de Hollywood concordam em encerrar greve e retornar ao trabalho
Paralisão acabou depois de cincos meses
Os líderes do Sindicato dos Roteiristas dos Estados Unidos (WGA) aprovaram na terça-feira (26) à noite o acordo salarial negociado com os estúdios de cinema e televisão e autorizaram o retorno ao trabalho de seus membros na quarta-feira (27), após uma greve que durou quase cinco meses e paralisou Hollywood.
O poderoso sindicato dos roteiristas anunciou em comunicado que “o conselho de diretores votou unanimemente para recomendar o acordo”, acrescentando que “a greve termina às 00h01” desta quarta-feira (27) no horário de Los Angeles.
O acordo ainda pondera ser rejeitado pelos 11.500 roteiristas representados pelo WGA nos Estados Unidos, pois será eleito a uma votação entre 2 e 9 de outubro, informou o sindicato.
Porém, a maioria dos analistas da indústria acredita que a ratificação será uma formalidade e o trabalho em projetos de TV e cinema paralisados deve ser recomeçar enquanto o processo estiver concluído.
Leia também
• Roteiristas de Hollywood concordam em encerrar greve de quase 5 meses e voltar ao trabalho
• Roteiristas e estúdios de Hollywood chegam a acordo que pode dar fim a greve do setor
• Drew Barrymore cancela volta do talk show após onda de críticas em meio à greve de Hollywood
Se o acordo for concretizado, muitas séries e filmes paralisados na fase de roteiro americano poderão retomar as atividades. Os talk shows, que precisam de roteiristas para seus apresentadores, também devem retornar ao ar no próximo mês.
Milhares de roteiristas de cinema e televisão pararam de trabalhar no início de maio em busca de demandas como melhores esforços, maiores recompensas por criação de programas de sucesso e proteção contra a inteligência artificial.
Eles organizaram piquetes por meses em frente aos escritórios de estúdios, incluindo da Netflix e da Disney, e receberam o apoio de atores em greve em meados de julho, deixando os lotes de Hollywood, normalmente movimentados, praticamente vazios em uma dramática demonstração de força.
Após cinco dias de intensas negociações entre o sindicato e a Aliança de Produtores de Cinema e Televisão (AMPTP), a WGA anunciou o princípio do acordo.
“Podemos dizer, com muito orgulho, que este acordo é excepcional - com ganhos e proteções significativas para os roteiristas em todos os setores da associação”, afirmou o sindicato.
O grupo citou importantes conquistas em termos de salários, assim como de proteção para regulamentos ou uso da Inteligência Artificial (IA).
Conquistas do acordo
Na terça-feira (26), o WGA divulgou detalhes do acordo no domingo. A teoria mostra que os estúdios cederam à maioria das critérios do sindicato e parecem representar uma vitória para os rotiristas.
O acordo inclui, em particular, um bônus pelo sucesso de uma série ou filme nas plataformas de streaming, quando “20% ou mais dos assinantes nacionais do serviço assistem à produção nos primeiros 90 dias após a estreia”.
A respeito da IA, os roteiristas receberam garantias de que não serão substituídos por robôs. O acordo permite que eles reescrevam roteiros gerados por uma IA e sejam considerados os únicos autores desse tipo de obra, sem receber uma remuneração menor.
Uma das cláusulas também estabelece que "fica proibido o uso de material dos roteiristas para treinar a IA". Isto significa que as máquinas não podem receber textos de roteiristas sindicalizados para aperfeiçoar suas capacidades narrativas.
Este último ponto foi um tema sobre o qual os estúdios foram organizados em silêncio por muito tempo.
Atores em greve
Apesar do eventual avanço com os roteiristas, Hollywood ainda estará longe do ritmo normal, já que os atores - representados pelo sindicato SAG-AFTRA - permanecem em greve.
A paralisação começou em julho e pode ser obrigatória por mais algumas semanas, pois várias demandas do SAG-AFTRA vão além das exigências do WGA.
No cenário atual, as negociações prometem ser difíceis, principalmente porque os estúdios sabem que um acordo com os atores servirá de parâmetro para as profissões técnicas da indústria, que deverão ter os acordos coletivos renovados no próximo ano.
E mesmo o retorno dos atores ao trabalho não significará a retomada imediata da indústria, pois levará meses para que todos retornem aos conjuntos das produções paralisadas.