Saiba por que celebridades como Mike Tyson e Chelsea Handler usaram droga extraída de sapo
Substância vinha sendo utilizada, ilegalmente, em sessões de instituto xamânico no Brasil; nos EUA, personalidades causam controvérsia ao falar sobre experiência com veneno de animal
Substância proibida no Brasil — e que vinha sendo utilizada ilegalmente em sessões do Instituto Xamanismo Sete Raios, em São Paulo, como acusam pessoas que participaram dos rituais xamânicos realizados pela organização —, a droga conhecida como 5-MeO-DMT tem adeptos abertamente declarados nos Estados Unidos, apesar de também não ser permitida em solo americano.
Nomes como o lutador Mike Tyson e a comediante Chelsea Handler já causaram controvérsia ao revelar que fazem uso da droga, extraída de um veneno produzido pelo sapo Bufo alvarius, encontrado no México e nos EUA.
"Eu morri durante minha primeira viagem", afirmou Tyson, ex-campeão peso-pesado de 56 anos em entrevista recente, ao descrever o que definiu como "uma metamorfose psicodélica". "Nas minhas viagens, vi que a morte é bela", ele contou. A comediante Chelsea Handler, que também já fez uso da droga, ressalta que acreditou que iria morrer após inalar a substância. "Foi a coisa mais terrível que vivi. Não conseguia me mexer… Estava tipo: 'Ai, ai, ai, vou morrer hoje", disse ela.
Também conhecida como "molécula de Deus", a substância química é definida por Tyson, Chelsea e outros usuários nos EUA como uma suposta "cura" para tudo, apesar dos efeitos imprevisíveis. Nada é comprovado cientificamente, e estudiosos apontam o elevado risco que a substância pode representar para o corpo humano.
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O veneno do sapo Bufo alvarius, alucinógeno considerado como um dos mais potentes do mundo, foi apreendido no Brasil de forma inédita em Goiás e no Rio de Janeiro — em abril deste ano — durante uma operação conjunta realizada pela Polícia Civil de ambos os estados. Foram aproximadamente 12 gramas detidos cujo uso estaria ligado a cerimônias espirituais de forma ilegal.
“A investigação aponta que a substância seria ministrada pelo líder espiritual em rituais em todo o Estado de Goiás pelo valor de R$ 300 por pessoa. A quantidade apreendida poderia ser fornecida para mais de 500 pessoas, o que demonstra o alto poder alucinógeno da substância. O líder espiritual lucraria cerca de R$ 150 mil com a atividade", comunicou a Polícia Civil de Goiás à época da apreensão.
Alucinógeno proibido
Em entrevista ao "Fantástico", da TV Globo, participantes do Instituto Xamanismo Sete Raios, com base em São Paulo, afirmam que a organização fazia uso da droga sem especificar para as pessoas sobre o que se tratava. Uma das participantes precisou ser internada num hospital neurológico e passou a tomar remédios controlados após inalar a substância.
O veneno do sapo Bufo alvarius, também conhecido como Sapo do Rio Colorado, é considerado uma droga ilegal por conter o psicotrópico 5-MeO-DMT, ou 5-Metoxi-N,N-Dimetiltriptamina, que faz parte da lista F2 de substâncias sujeitas ao controle especial da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa). É a mesma lista em que se enquadram outras drogas, como o LSD, o MDMA (ecstasy) e a psilocibina.
Segundo o comunicado da Polícia Civil de Goiás, o veneno do sapo "é extraído e, após passar por um processo de secagem, se cristaliza, e, ao ser inalado em pequenas quantidades, causa forte alucinação". O efeito dura por aproximadamente uma hora.
Cientistas relatam que "os efeitos subjetivos após a administração de 5-MeO-DMT incluem distorções na percepção auditiva e temporal, amplificação de estados emocionais e sentimentos de dissolução do ego que geralmente são de curta duração, dependendo da via de administração". O consumo e a venda são proibidos no país porque a substância traz uma série de riscos ao usuário.
— É uma experiência tão intensa que, na maioria das vezes, fazer isso em uma festa não é seguro. Não é uma droga recreativa. Se as pessoas receberem uma dose muito alta, elas podem "desaparecer" e se desassociar de sua mente e corpo — disse Alan K. Davis, psicólogo clínico e professor assistente na Unidade de Pesquisa Psicodélica da Universidade Johns Hopkins, nos Estados Unidos, ao portal AddictionCenter.