Salman Rushdie relembra atentado em primeira entrevista à televisão
Ataque foi cometido por um jovem americano de origem libanesa
O escritor Salman Rushdie descreveu, em sua primeira entrevista a um canal de TV desde o atentado que sofreu em 2022, como foi o ataque. Em agosto daquele ano, Hadi Matar esfaqueou cerca de 10 vezes o autor de Versos Satânicos no palco do Chautauqua Institution, uma comunidade de artes de verão em Nova York.
— Então é você. Aqui você está. Parecia que algo saía de um passado distante e tentava me arrastar de volta no tempo, se você quiser, de volta para aquele passado distante, a fim de me matar — disse o escritor indo-britânico ao canal CBS — Confesso que às vezes imaginei meu assassino surgindo em algum fórum público ou outro e vindo atrás de mim exatamente dessa maneira. Então, meu primeiro pensamento quando vi essa forma assassina correndo em minha direção foi: 'Então é você'.
O ataque foi cometido por um jovem americano de origem libanesa, suspeito de simpatizar com os xiitas do Irã. Rushdie foi socorrido e levado para o hospital, onde passou cerca de seis semanas. O escritor perdeu a visão de um olho:
— Um dos cirurgiões que salvou minha vida me disse: 'Você teve muito azar e depois teve muita sorte’. Eu disse: ‘Qual é a parte da sorte?’ e ele disse ‘Bem, a parte da sorte é que o homem que atacou você não tinha ideia de como matar um homem com uma faca’.
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Em agosto de 2022, o ensaísta foi atacado no palco na Chautauqua Institution, uma comunidade de artes de verão em Nova York, onde estava programado para falar sobre os Estados Unidos como um refúgio seguro para escritores exilados. Quando o evento estava prestes a começar, um homem de 24 anos pulou no palco e o esfaqueou repetidamente no rosto e no abdômen. Somente após, membros da plateia conseguiram afastar o agressor. Como consequência do ataque, Rushdie ficou gravemente ferido e perdeu o olho direito.
O escritor viveu grande parte de sua vida sob ameaça de violência. Após a publicação do romance "Os versos satânicos" — que inclui uma narrativa fictícia sobre a vida do Profeta Maomé — o líder supremo do Irã, aiatolá Ruhollah Khomeini, emitiu uma fatwa (similar a um decreto) em 1989 pedindo a morte de Rushdie. Na ocasião, oferecia uma recompensa de US$ 2,5 milhões pela cabeça dele.