Samba, o Fundo de Quintal não perde o prazer de cantar
Grupo se apresenta neste sábado (3), no Clube Português, que terá também Diogo Nogueira e Jorge Aragão
No que pode descambar uma roda de samba despretensiosa, em um dia de semana “qualquer” e entre amigos da periferia carioca? Numa revolução, daquelas incontestavelmente implacáveis, perenes e que no inverso dos modismos sonoros/contemporâneos seguem impondo às novas gerações a linguagem do samba entre repiques, tantans e pandeiros em partido alto.
Fidelidade que há pelo menos 45 anos o Fundo de Quintal esbanja em quintais (palcos) afora, integrando a história do gênero, protagonista hoje no Recife, no Clube Português, em celebração à data nacional que remete a uma das expressões mais longevas da cultura brasileira. Além do quinteto do samba, Diogo Nogueira e Jorge Aragão também engradecem a noite.
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Pioneirismo no samba
“O jeito de tocar e a maneira de enxergar o samba é o que torna o grupo ainda fiel a esse modo de entender e interpretar o gênero (...). A maneira do Fundo de Quintal se apresentar é bem forte, é pioneira e também influencia o jeito de tocar contemporâneo. Eu sou desse tempo (de agora) e também me rendi ao jeito de tocar do grupo. Quem tenta mudar uma coisinha ou outra, quando vai lá na hora de gravar, vem aquele jeito de tocar o repique, de conduzir o tantan, os floreios diferenciados do Bira. E as viradas de bateria?”, celebra Junior Itaguay, em conversa exclusiva com a Folha de Pernambuco.
Próximo de completar seis anos no grupo que ele tem como o maior do mundo, Itaguay, à frente do banjo, ri quando lembra do convite feito por Bira e Ademir Batera. “Eles me chamando para saber se eu tinha interesse de fazer parte do grupo (...) Com quatro anos de idade eu peguei no pandeiro e não tinha noção de que ia ter uma carreira e Deus me deu simplesmente o maior grupo de samba do planeta para poder tocar meu banjo e cantar os sambas”.
O que esperar do show?
Para o show de logo mais, o grupo – composto por Itaguay e Bira Presidente, Sereno, Ademir Batera, Marcio Alexandre – leva ao público faixas da primeira parte do projeto “45 Anos”, gravado há dois anos em Madureira, no Rio. Com 23 faixas, o trabalho será findado em 2023 com outras 22 canções restantes.
“O plano é passar com o projeto completo, inicialmente no Rio e depois País e mundo afora. E no Recife vamos dar um abraço no público com parte do que gravamos e os nossos grandes sucessos”, conta o sambista, compositor e multi-instrumentista, fã de Djavan, Gil e Tim Maia e claro, do Fundo de Quintal.
O samba não morre, é eterno
“A estrada tem sido muito generosa com o grupo e compreensiva comigo e com o Márcio Alexandre (também recente no quinteto). É claro que na memória afetiva do público estão pessoas importantes que passaram, mas queremos também que essas pessoas olhem para nós para que tenha fundamento o que diz a canção “o show tem que continuar”, deseja Itaguay ao relembrar de ex-integrantes como Sombrinha, Almir Guineto, Arlindo Cruz, o próprio Jorge Aragão e Ubirany, este, inventor do repique de mão e um dos fundadores do Fundo de Quintal, levado aos 80 anos pela Covid-19 em 2020.
A apresentação no Recife será mais uma a compor o acervo de afetividades do samba/para o samba, sob assinatura do grupo, com o incremento de outros dois artistas que também fidelizam o gênero, Diogo Nogueira e Jorge Aragão.
O Clube Português será palco da vez a contar mais um capítulo da história do Fundo de Quintal. E como enalteceu, cantando, Junior Itaguay, o “(...) bom samba, samba de tantas guerras nunca vai morrer, que se supera sem se arrepender, é vida, é calor, é luz e paz, amor e poesia”.
Serviço
Diogo Nogueira, Jorge Aragão e Fundo de Quintal
Neste sábado (3), no Clube Português, a partir das 20h
Ingressos no site Bilheteria Digital e lojas Esposende dos Shoppings Recife, RioMar e Tacaruna
R$ 60 (frontstage), R$ 100 (camarote individual) e R$ 1,5mil (camarote família para 12 pessoas)
Instagram: @clubeportuguesdorecife