Selton Mello vive detetive cego em "França e o Labirinto", audiossérie do Spotify; leia entrevista
Produzido em parceria com o Jovem Nerd, podcast de ficção estreia nesta terça-feira (29)
A nova audiossérie original do Spotify, “França e o Labirinto”, que estreia na plataforma nesta terça-feira (29), pega emprestado um das mais inconfundíveis vozes do audiovisual brasileiro para apresentar ao público o seu protagonista. Com seu jeito de falar quase sussurrante, o ator Selton Mello vive um detetive particular às voltas com um crime misterioso.
Antes mesmo de despontar como um dos grandes nomes do cinema brasileiro, o eterno Chicó de “O Auto da Compadecida” (2000) já havia se firmado na dublagem, colocando suas voz em clássicos da “Sessão da Tarde”, como “Loucademia de Polícia” (1984) e “Os Goonies” (1985). Essa experiência, segundo Selton, foi um dos motivos para aceitar o convite para a audiossérie.
“Eu entrei para a dublagem aos 12 anos de idade e segui no ramo até os 22. Foi um período muito rico da minha vida. Eu aprendi muito com grandes dubladores e, de cara, trabalhar em algo que tenha a voz como principal forma de expressão já é uma coisa que me agrada”, explicou o ator, em entrevista à Folha de Pernambuco.
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Selton interpreta Nelson França, um detetive particular aposentado que, no passado, ajudou a polícia a colocar na prisão um famoso serial killer. Décadas depois, o assassinato brutal de uma influenciadora digital desperta nele a certeza de que o verdadeiro criminoso está solto e de que a investigação precisa ser retomada. Só que, agora, seu trabalho tem uma dificuldade a mais: após sofrer um AVC, ele perdeu totalmente a visão, passando a contar com a ajuda de Bonaparte, seu cão-guia, para quase tudo.
“Eu cresci vendo tudo o que eu podia e, certamente, coisas de detetives sempre estavam lá. São sempre personagens bem interessantes. Eu lembro de ‘Coração Satânico’ (1987), com Mickey Rourke, das coisas do David Fincher, como ‘Seven’ (1995). É essa a pegada de ‘França e o Labirinto’, só que muito brasileiro, com a nossa linguagem, gírias, jeito de falar e humor. Acho que isso é o que dá um sabor especial. Tem um jeito nosso de fazer que pode ser cativante”, analisou.
Composição no estúdio
O elenco da audiossérie traz também as participações especiais de Igão e Mítico, dupla de apresentadores do podcast “Podpah”, e do humorista Antonio Tabet. O time conta ainda com a presença de dubladores experientes, como Luiz Carlos Persy, Maíra Góes e Jorge Lucas. Embora apareça na produção contracenando com algumas dessas vozes, Selton não se encontrou com nenhum dos artistas no estúdio.
“Quando ouvi o trabalho pronto, eu tive, provavelmente, a mesma sensação que o público terá. Passei dias gravando sozinho e, agora, estava tudo lá: a chuva, o cachorro, os outros atores fabulosos”, relatou Selton, que disse ter sido totalmente guiado pelos diretores durante o processo de gravação. “Eles estão muito acostumados com a linguagem. Então, eles diziam o que acontecia naquela cena, eu ia imaginando e fazendo”, relembrou.
Experiência imersiva
A produção aposta na tecnologia para proporcionar uma experiência imersiva aos ouvintes. Isso está presente na utilização do áudio binaural, em que o som parece cercar quem está escutando, dando a sensação de acompanhar a história sob a mesma perspectiva do protagonista.
“Esse trabalho de ambientação é, realmente, impressionante. Você consegue, praticamente, enxergar que o cachorro está mais perto ou mais longe, perceber a respiração dele, e coisas do gênero. É muito rico sonoramente”, apontou.
Para além do drama e do suspense que tomam conta da trama, Selton quis trazer para o seu personagem outra característica. “Eu acho que uma contribuição que eu dei para o roteiro foi o humor. Eu achava que já tinha a base do thriller muito bem pavimentada, mas achava que o personagem precisava ser mais carismático. Ele tem umas sacadas e, ao mesmo tempo, fala umas coisas muito loucas”, afirmou.
Produção totalmente brasileira
Desde 2020, o Spotify vem lançando adaptações brasileiras de podcasts de ficção, como “Sofia”, “Paciente 63” e “Batman Despertar”. Pela primeira vez, o serviço de streaming aposta em uma série 100% nacional, produzida em parceria com a plataforma de conteúdo geek Jovem Nerd.
Com quase 20 anos de experiência em podcasts, Alexandre Ottoni e Deive Pazos - fundadores do Jovem Nerd - são os idealizadores e diretores de “França e o Labirinto”. O roteiro é assinado por Leonel Caldela e Fabio Yabu.
“É um encontro inusitado. Acho que ninguém estava esperando por uma série do Jovem Nerd comigo e no Spotify. Cada um tem o seu público muito fiel. Então, estou curioso para saber quem vai ouvir”, revelou.