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LITERATURA

Série de podcast da ABL resgata depoimentos com histórias surpreendentes de seus imortais

Projeto inicia nesta quinta (17) com episódio sobre Lygia Fagundes Telles e terá na sequência João Cabral de Melo Neto, Carlos Heitor Cony, Rachel de Queiroz

Lygia Fagundes Telles, escritoraLygia Fagundes Telles, escritora - Foto: Reprodução

Lygia Fagundes Telles foi uma exímia esgrimista. Rachel de Queiroz achava a capa de seu primeiro livro “horrorosa”, mas deixou como estava porque o ilustrador era amigo dela. Sérgio Paulo Rouanet sempre foi visto como rebelde, mas o que realmente gostava era de homenagens e honrarias. Carlos Heitor Cony ficou mudo até os 5 anos de idade e chegou a colocar pedras na boca para destravar a língua.

Os ouvintes podem se surpreender com algumas das histórias contadas nos 12 episódios do podcast “Conversas imortais”, que entra no ar hoje em diversas plataformas (como Spotify, Amazon Music e YouTube, entre outras) e no site da Academia Brasileira de Letras.

Produzido pela ABL em parceria com o Estúdio Novelo, o projeto traz trechos dos depoimentos que acadêmicos gravavam assim que ingressavam na instituição.

É uma oportunidade de descobrir fatos biográficos pouco conhecidos de grandes figuras da cultura brasileira, contados por elas mesmas. Uma espécie de “autobiografia sonora”, como define a acadêmica Rosiska Darcy de Oliveira, coordenadora do projeto.

Os episódios serão lançados toda quinta-feira, sempre dedicados a um imortal já falecido da ABL. A contista e romancista Lygia Fagundes Telles abre a série, que continua com Rachel de Queiroz, Cleonice Berardinelli, Ferreira Gullar, João Cabral de Melo Neto, Carlos Heitor Cony, João Ubaldo Ribeiro, Sérgio Paulo Rouanet, Ivo Pitanguy, José Mindlin, Antônio Houaiss e Zélia Gattai.

— Esses depoimentos são um tesouro — diz Rosiska. — Os escritores fazem um balanço honesto sobre suas trajetórias. O leitor vai vê-los como seres humanos, com seus medos, suas coragens, suas idiossincrasias... E também conhecer muitos detalhes saborosos e fatos inesperados, até mesmo para quem já conhece toda a bibliografia deles.

No primeiro episódio, Lygia Fagundes Telles fala desde sua infância ao seu ingresso na ABL, quando implorou aos acadêmicos que “povoassem mais femininamente a Casa”. Passa pelo relacionamento com o pai, que era viciado em jogo e perdeu todo o dinheiro da família, e pela sua militância na Faculdade de Direito (“o único curso que não tinha matemática”).

Sobre as suas já mencionadas aulas de esgrima, descobrimos que Lygia era sempre alertada por um professor sobre os perigos de deixar o “coração exposto”. Logo ela, lembra Rosiska, que expôs seu coração em todos os seus livros.

O ‘y’ da questão
Mais uma história: um dia Lygia perguntou à mãe por que seu nome tinha “y” em vez de um “i”, mais comum. “Desconfie das facilidades”, disse a mãe, “permanece o ‘y’, sim senhora.” A escritora, por sinal, teria se chamado “Vinicius” se tivesse nascido menino.

“O Vinicius de Moraes me contou que, na época em que sua mãe o estava esperando, leu esse romance ‘Quo vadis’ (ambientado na Roma Antiga), onde o herói se chamava Vinicius e a heroína, Lygia. Se ele fosse menina, seria Lygia. Então ele brincava comigo: ‘Lygia, você é minha namorada desde os tempos de Roma’.”

A ABL colhe o depoimento de seus eleitos desde 1986. Rosiska propôs transformá-los em podcast por considerá-los “documentos preciosos”.

— São vidas muito diferenciadas e você percebe nessas histórias onde vão nascendo suas obras — avalia a acadêmica. — Porque eles são contadores de histórias e narram suas vidas como um romance.

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