Série documental da HBO conta a história da indústria do funk
"Funk.doc: Popular & Proibido" pretende mostrar como o ritmo é capaz de combater o preconceito com a popularidade de um dos estilos musicais mais ouvidos entre os jovens brasileiros
Nesta terça-feira (30), foi dia de estreia da série documental da HBO Max, "Funk.doc: Popular & Proibido". O documentário conta a história de um dos gêneros musicais mais populares do País através de depoimentos e entrevistas de gigantes da indústria. É dirigido por Luiz Bolognesi e pretende mostrar como o ritmo é capaz de combater o preconceito com a popularidade que o torna um dos estilos musicais mais ouvidos entre os jovens brasileiros.
O ritmo carioca
Até poucos anos, o preconceito obrigava o funk a se refugiar nas periferias. Hoje, ele também ocupa campanhas publicitárias, festas internacionais e se tornou um dos gêneros musicais mais importantes do Brasil e uma peça fundamental para entender a identidade nacional.
“Inicialmente, havia um estigma na sociedade que um dia a favela desceria o morro, e isso aconteceu com a música”, conta Luiz Bolognesi. “O funk gera muita economia e também distribui renda. Ele dá potência de consumo aos moradores da comunidade, a grana entra seja no baile, seja nos DJs ou nos MC's. Durante muito tempo era a elite econômica do Brasil que ditava o que as pessoas deviam usar. Já hoje em dia os meninos de classe média alta se vestem e cortam o cabelo igual aos jovens da comunidade. Ele passou a ditar a regra, apesar de todo o preconceito que o País ainda tem”, conclui o diretor.
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O começo de tudo
O gênero teve seu início nas favelas do estado do Rio de Janeiro nas décadas de 1970 e 1980 e só fez crescer desde então. A música sempre foi alvo de críticas, como muitas expressões originárias na periferia, mas toda essa expansão só chamou mais atenção para as problemáticas, como por exemplo, sua aproximação com a violência e sua forte carga sexual. O documentário não deixa esses aspectos de lado. Sob um olhar investigativo, a produção fala da sua estética musical e a sua expansão para outros países, mas também traz a história conturbada de seus desdobramentos sociais.
“Eu comecei esse projeto porque não tem como não ouvir funk sendo brasileiro. Eu via minhas filhas ouvindo no carro, mas achava algumas letras legais e outras muito bizarras e até meio misóginas. Mas no documentário eu não apareço, é a voz de quem produz e gosta de funk. Eles me despiram do meu preconceito me explicando que o machismo não está na música, está no mundo. Chamar o gênero de machista é só mais uma tentativa de desqualificar”, aponta o diretor.
Funk.Doc
Divididos por temas, os seis episódios semanais têm a produção da HBO Max com parceria com a Warner Bros. A série reúne grandes nomes do Funk, como MC Rebecca, Ludmilla, DJ Renan da Penha, DJ Marlboro, Valesca, MC Carol, Lellê, MC João, Deize Tigrona, MC Guimê, Buchecha, Tony Tornado, DJ Rennan da Penha, MC Bin Laden, Menor do Chapa, entre outros. Além de Mr. Catra, em uma de suas últimas entrevistas antes de falecer em 2018.
“Desde sua origem, o funk carrega em suas letras, danças e bailes uma história fundamental para o Brasil. Por isso, esta produção torna-se tão importante em um momento em que o gênero musical não se restringe à periferia, mas conquista o mundo e precisa ser observado. A série é uma nova reflexão, a partir dos artistas, novos e já tradicionais, que vivem esse ritmo no dia a dia”, comenta Luiz, que pesquisou o gênero por oito meses.