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Documentário

Série 'Meu Amigo Bussunda' revisita a vida e a obra do humorista

Filha de Bussunda, Júlia Besserman, dirige um dos episódios da série do Globoplay, que tem direção geral de Claudio Manoel

Bussunda faleceu em 2006, durante a Copa do Mundo de FutebolBussunda faleceu em 2006, durante a Copa do Mundo de Futebol - Foto: Memória Globo/Divulgação

Maior do que a eliminação da seleção brasileira pela França nas quartas de final, o grande trauma da Copa do Mundo de 2006 foi a morte do humorista Cláudio Besserman Vianna, em plena cobertura do campeonato. Mas é com bom humor e alegria que ele é relembrado na maior parte da série documental “Meu Amigo Bussunda”, que estreia no Globoplay nesta quinta-feira (17), quando o seu falecimento completa exatos 15 anos.

A proposta de homenagear o artista - ainda vivo na memória de tantos admiradores - veio de Claudio Manoel, seu amigo e colega de trabalho no “Casseta & Planeta”. É através dele, que assina como diretor geral do projeto, que são conduzidos os três primeiros episódios da série. Ele divide a direção e o roteiro desses capítulos com Micael Langer, com quem codirigiu os documentários “Chacrinha - Eu vim para confundir e não para explicar” (2021) e “Simonal — Ninguém sabe o duro que dei” (2009).

Segundo Claudio, revisitar a vida e a obra do parceiro de tantos anos para a produção foi um processo carregado de sentimentos fortes. “Eu tinha essa necessidade de finalmente poder tocar nesse assunto e ver que o tempo ajudou a cicatrizar a ferida. Houve um chacoalho emocional quando revi pessoas e momentos, mas também achei que precisava aproveitar o marco dos 15 anos para trazer o Bussunda à tona de novo e renovar o interesse das pessoas por ele”, comenta.

O diretor se inspirou no documentário em duas partes “Os Diários Zen de Garry Shandling”, que conta a biografia do lendário comediante norte-americano, para construir a linguagem da série. Sendo uma figura tão presente na vida do protagonista, ele surge em cena como entrevistador e personagem, ao mesmo tempo. Familiares, amigos e colegas de trabalho ajudam, através dos seus depoimentos, a desvendar um pouco do homem por trás do personagem Bussunda.

No primeiro episódio, que abrange o período de 1962 a 1989, a trajetória do humorista é narrada da infância até a juventude. Com o auxílio de várias fotografias e vídeos de arquivo, o público é apresentado às várias histórias hilárias e curiosidades envolvendo Bussunda, como a origem de seu apelido. Veio da junção entre o sobrenome Besserman e o personagem de animação Sujismundo, criado pela ditadura militar para ensinar hábitos de higiene aos brasileiros. Nos tempos de colônia de férias, sua fama de ser avesso ao banho acabou criando essa referência.  

“Conhecer a família do Bussunda, sua criação e a relação com os parentes, ajuda a entender de onde ele veio e porque ele virou a pessoa que era. Toda a construção desse ser humano é, para mim, o principal. Ele imprimia uma imagem muito forte, mas quando você descobre que ele era uma pessoa muito empática, apaziguador, que falava pouco, mas ia no ponto certo”, aponta Micael.

BussundaSérie traz imagens da juventude de Bussunda (Foto: Pepe Schettino/Divulgação)

O segundo e o terceiro episódio compreendem, respectivamente, os momentos de 1989 até 1998, com o sucesso na TV, e de 1998 até 2006. No quarto e último capítulo, a direção passa para as mãos de Júlia Besserman, filha de Bussunda. Para ela, que perdeu o pai aos 12 anos de idade, ter feito esse registro afetivo é “uma ficha que ainda não caiu”.

“Durante as entrevistas, parecia só que eu havia sentado com alguém para conversar sobre o meu pai e até esquecia que estava sendo filmada. Foi difícil, não só por ser meu primeiro trabalho como diretora, mas também por tratar desse assunto especificamente. A soma de tudo, no entanto, foi uma experiência incrível. Resgatar a memória do meu pai foi emocionante”, relata.

Ciente das problemáticas atuais envolvendo piadas que eram feitas pelo pai há 30 anos, Júlia convida comediantes da nova geração para conversarem sobre o assunto. Ao mesmo tempo, ela abre espaço para falar da filosofia de vida seguida pelo humorista, que ele mesmo chamava de “Zen Bussundismo”. “Meu pai ensinou que você só envelhece quando para de aprender e de brincar. Acho que essa é a maior lição que eu carrego até hoje”, aponta.

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