MÚSICA

Sororidade, feminismo e vingança: os debates gerados pela nova música de Shakira

Canção já tem mais de 100 milhões de visualizações no YouTube e provocou discussões nas redes sociais sobre solidariedade de gênero e desgosto

Produtor argentino Bizarrap e ShakiraProdutor argentino Bizarrap e Shakira - Foto: Reprodução/Instagram

Quando Shakira e Piqué anunciaram a separação em junho passado, após 12 anos juntos e dois filhos juntos, Milan e Sasha, começaram a circular memes nas redes sociais dizendo que nada uniu tanto a América Latina quanto o apoio a Shakira em sua tristeza após o término do relacionamento.

A colombiana agradeceu ao ver que canções como "Te Felicito" e "Monotonía" , que também aludem ao ex-companheiro, encabeçam as listas de reprodução de quase todos os países sul-americanos.

“Obrigado a todo o meu povo! Todas as vezes que tive um buraco no peito, vocês com amor e compreensão me ajudam a tampá-lo", escreveu ela após lançar Monotonía. E nesta terça-feira não foi diferente.

A jornalista Vanessa de la Torre, da W Radio, de Bogotá, pediu a opinião de seus ouvintes sobre a nova música de Shakira com Bizarrap, que em menos de 16 horas já contava com mais de 32 milhões de visualizações no YouTube.

 



Ela recebeu centenas de comentários, como: “Shakira, minha rainha das sombras. Deus te abençoe”, “Uma deusa épica espetacular”. Ao que outro respondeu: “Minha rainha. Espetacular, convida ao empoderamento da mulher”.

Por sua vez, a ex-rainha da beleza Gabriela Tafur escreveu em suas redes: "Eu valho dois em 22, você trocou uma Ferrari por um Twingo, você trocou um Rolex por um Casio, maldito Shak." Até o cartunista Vladdo fez referência à música da moda: “Música tremenda da Shakira, junto com Bizarrap. E não baixou o preço para o Pique”, comentou nas redes.

As dezenas de tweets que fizeram Shakira e sua música entrar para os trending topics em vários países foram de mulheres entre 20 e 30 anos que se consideram fortes e empoderadas, mas acima de tudo, que nunca vão se deixar manipular por um homem em um relacionamento novamente. E agora, é claro, eles vão ouvir Shakira, se é que não ouviram antes.

Você trocou uma Ferrari por um Twingo, um Rolex por um Casio” ou “mulheres não choram mais, agora faturam”, são algumas das frases da música mais citadas nas redes. A questão teve tanto impacto que até a página oficial da Casio decidiu mudar a descrição de seus relógios online e agora diz: "Talvez não sejamos um Rolex, mas pelo menos não nos trocaram por Clara Chía".

Shakira sempre usou as letras de suas músicas para falar sobre sua vida privada e, em alguns casos, para desabafar sobre seus parceiros anteriores. Por exemplo, antes de terminar com o argentino Antonio De la Rúa, a colombiana dedicou-lhe Lo que más, do álbum Sale el sol.

Por sua vez, a especialista em Shakira, a escritora colombiana Amalia Andrade, explicou em suas redes o machismo e o preconceito de classe social que há nos comentários das pessoas que disseram à cantora para parar de cantar sobre o ex-companheiro e ir ao psicólogo.

 


Se soubessem quanto preconceito de classe social e machismo existe no comentário que é melhor ele fazer terapia. Claro, porque o decente é duelar sem muito barulho e porque cantar sobre desgosto é ser louco ou chamar a atenção. Além disso, garantiu que se fosse um homem que tivesse feito a música, não seria julgado", disse Amalia no Twitter.

“É divino que as pessoas chorem e experimentem o desgosto na solidão e com dignidade. E se for mulher, ainda mais necessário. Os homens, eles, podem cantar suas mágoas como quiserem, em rap ou balada. Sendo Luis Miguel ou The Weeknd”, acrescentou.

Em sua primeira entrevista, após o rompimento com Piqué, a cantora garantiu à revista Elle que estava em "uma das horas mais difíceis e sombrias" de sua vida. Além disso, ela explicou que escrever música era "como ir ao psiquiatra" e sua "mesa de náufragos". Algumas palavras que mostram que a artista vai usar suas canções para contar como tem vivido a separação e os motivos que a levaram a tomar a decisão.

Resta saber o que acontecerá com a guarda dos dois filhos e como será a vida futura de cada um deles. Embora pareça que eles seguem caminhos separados: ele com o desejo de ficar na Espanha e ela de se mudar para os Estados Unidos. Será nos tribunais onde tudo será decidido caso não cheguem a um acordo.

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