"Transformers: O Despertar das Feras" estreia nos cinemas nesta quinta-feira (8); leia a crítica
Sequência do reboot "Bumblebee" deixa intimismo de lado em prol de retorno à narrativa de guerra alienígena, mas sem a força megalomaníaca de Michael Bay
Após o reboot oitentista “Bumblebee”, lançado em 2018, a franquia “Transformers” indicava que passaria por uma revitalização total, dos visuais às narrativas, fugindo da megalomania do produtor e diretor Michael Bay, responsável por levar os “carros robôs” ao cinemas em 2007 e pela eventual saturação da marca em suas cinco sequências. Logo, “Transformers: O Despertar das Feras”, estreia desta quinta-feira (8) nos cinemas e primeira sequência após a repaginada, atiçou a expectativa do público, mas não entregou uma aventura intimista e carga emocional à altura do antecessor, nem a ação explosiva assinada por Bay.
A sétima adaptação para as telonas da linha de brinquedos da Hasbro acompanha o humano Noah (Anthony Ramos), ex-militar com histórico de rebeldia com dificuldades de encontrar um emprego, precisando de uma renda extra para auxiliar a mãe e pagar as despesas médicas do irmão mais novo. Quando conhece o transformer Mirage (Pete Davidson), é introduzido aos Autobots liderados por Optimus Prime (Peter Cullen), presos na terra há cerca de uma década, à procura de um artefato que pode levá-los para casa - o planeta Cybertron. A busca, no entanto, é ameaçada por Scourge (Peter Dinklage), servo do comedor de planetas Unicron (Colman Domingo).
Na superfície, a revitalização da franquia é um respiro necessário. A ambientação em 1994 traz um impacto positivo especialmente aos visuais dos robôs. Antes um amontoado de tralha metálica, cada Autobot agora parece único, com cores representativas e características dos veículos que utilizam de disfarce, e o mesmo diz respeito aos antagonistas Terrorcons e aos Maximals, animais-robôs-alienígenas que habitam a terra desde milênios antes da chegada da companhia de Optimus Prime, que funcionam essencialmente como coadjuvantes de luxo e agrado aos fãs da animação dos anos 1990 “Beast Wars”, onde foram introduzidos à série.
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A nova estética ajuda a solucionar uma falha histórica da franquia nos cinemas: a falta de personalidade de qualquer Transformer que não seja Prime ou Bumblebee. Aqui, o comando de Steven Caple Jr. ao menos garante que o público se lembre da cor ou carro associado a cada robô quando for preciso identificá-los.
Dito isso, a ausência de Bay é definitivamente sentida na ação. Suas sequências explosivas e por vezes difíceis de acompanhar sempre foram muito criticadas (com razão), mas é inegável quanta energia elas traziam aos longas. Os combates em “O Despertar das Feras” são mais compreensíveis e bem fotografados, mas artificiais demais, sem força verossímil carregando cada impacto, transformando momentos de tensão em tédio - e os efeitos visuais não colaboram.
Como é de praxe para a maioria da saga, o longa também não agrada no roteiro, retornando à típica narrativa de “fim do mundo” que não leva a nada, e desperdiçando o potencial de bons personagens. A relação de Noah com seu irmão caçula, Mirage e Elena - a outra humana da aventura - poderia ter tido sucesso em acertar emoções genuínas se a obra se preocupasse um pouco menos com eventos de grande escala. Da mesma forma, somos introduzidos a um Optimus Prime jovem, amargo e esquentado, cujo amadurecimento acontece rápido demais para cativar, considerando ainda que não foi preciso dividir o holofote com Bee, deixado de lado a maior parte do filme.
No fim, “O Despertar das Feras” é só mais um “Transformers”, com uma narrativa um pouco mais interessante compensando a ação entediante, numa iniciativa da Hasbro e da Paramount para capitalizar ainda mais na marca pela próxima década, estabelecer seu próprio Universo Cinematográfico e vender ainda mais bonecos.