RIO DE JANEIRO

Turista esfaqueado em Copacabana: moradores dizem que suspeitos "tocavam o terror" na região

Gabriel Mongenot, de 25 anos, dormia nas areias de Copacabana, quando foi abordado por assaltantes, esfaqueado e morto

Turista de Mato Grosso do Sul Gabriel Mongenot Santana Milhomem Santos, de 25 anos, foi morto durante assalta na madrugada deste domingo. Ele estava na cidade para o show da cantora Taylor SwiftTurista de Mato Grosso do Sul Gabriel Mongenot Santana Milhomem Santos, de 25 anos, foi morto durante assalta na madrugada deste domingo. Ele estava na cidade para o show da cantora Taylor Swift - Foto: Reprodução

No último domingo, o estudante Gabriel Mongenot Santana Milhomem Santos, de 25 anos, foi golpeado com uma facada no tórax, na Praia de Copacabana, durante um assalto. O jovem, que morava em Minas Gerais, estava na cidade para assistir ao show da cantora Taylor Swift. Jonathan Batista Barbosa, de 37 anos, e Anderson Henriques Brandão, de 43 anos, foram presos por suspeita de participar do crime. Com 12 anotações em suas fichas criminais, a dupla é conhecida pelos moradores do bairro, que relatam uma rotina de terror e insegurança na região.

Dono de uma floricultura em Copacabana, Gilson Flores, de 53 anos, diz que Anderson costumava dormir na frente de sua loja e era conhecido por arrumar muitas confusões no bairro. Anderson já abordado 56 vezes pela PM e tem cinco anotações criminais.

— Muitas vezes precisei abrir a outra porta da loja para não arrumar problema com ele, que sempre arrumou muita confusão por aqui. Antes de sair de casa, eu verifico todas as câmeras da loja para saber se está tranquilo para abrir o comércio. A insegurança é enorme — lamenta ele.

Ele pontua que é "absurdo" um bairro que recebe turistas do mundo todo sofrer com frequentes assaltos e casos de violência. De 2003 a setembro de 2023, foram registrados 6.476 roubo a transeuntes e 1.938 casos de roubo de celular só na 12 DP (Copacabana).

— A rua Rodolfo Dantas, por exemplo, fica perto do metrô, do Copacabana Palace e de outras dezenas de hotéis. Como não há uma cabine da Polícia Militar nela? É óbvio que os criminosos se aproveitam da falta de policiamento para cometer crimes. Nós, que moramos aqui, já ficamos com medo, então imagina os turistas. Se viajo para um lugar e me deparo com essa situação, nunca mais volto — afirma ele.

Um chaveiro da região, que não quis se identificar, confirmou que Anderson e Jonathan eram conhecidos por roubos e furtos no bairro:

— São criminosos. Todo mundo aqui conhece a dupla, eles viviam tocando o terror. Tomara que continuem presos — disse.

Em 2021, um jornaleiro da mesma rua registrou uma ocorrência de dano contra Anderson. Numa discussão banal entre eles, o acusado o ameaçou: "Vou te dar um prejuízo". Em seguida, ele apareceu com uma garrafa de 500 ml com combustível e ateou fogo no veículo do jornaleiro. O fogo só não consumiu o carro, porque a brigada de incêndio de um estabelecimento apagou as chamas.

O Globo localizou a família da vítima, que pediu para não ser identificada por medo de sofrer retaliações:

— É quase uma certeza que os dois não vão continuar presos, por isso temos muito medo. Um deles ( Jonathan Batista Barbosa) havia deixado no dia anterior ao crime. Infelizmente, não há nenhuma garantia que vamos ficar em segurança — diz a esposa do jornaleiro.

Jonathan foi detido com um comparsa, Alan Ananias, na última sexta-feira após terem cometido um furto na Lojas Americanas da Avenida Nossa Senhora de Copacabana. No último sábado, a Justiça determinou que ele fosse solto, mas que não chegasse perto da loja de departamentos onde havia furtado os doces. No dia seguinte, ele foi preso pela morte de Gabriel, a 250 metros do estabelecimento do qual não poderia se aproximar.

Gabriel estava com quatro amigos na praia de Copacabana. Em depoimento, uma das vítimas contou que ele era o único que dormia, acordando com susto ao ser abordado. Ele reagiu, sendo esfaqueado no peito. A mesma testemunha relatou aos investigadores que os criminosos estavam alterados e os chutavam o tempo todo. Gritavam que, se alguém levantasse, iriam matar quem ousasse desobedecê-los. A faca utilizada era de cozinha, mas com uma lâmina grande. Os suspeitos levaram a chave de um veículo e dois telefones celulares.

A terapeuta capilar Guiomar Abreu da Silva, de 58 anos, diz que a falta de segurança limita a liberdade para circular no bairro.

— A gente não vai à praia por medo. Mesmo morando aqui, eu escolho não sair no fim de semana pela insegurança e sensação de estar desprotegido. Até o cordão do pescoço precisamos esconder para evitar assalto — desabafa.

Em nota, a Polícia Militar disse que o comando do 19° BPM (Copacabana) "vem aplicando esforços para reduzir os índices criminais, incluindo o furto a estabelecimentos comerciais e pessoas". Eles também disseram que o bairro recebe policiamento do batalhão da área, das UPPs que margeiam a região, Bairro Presente, e de agentes do programa Segurança Presente.

Ainda segundo a nota, "um estudo elaborado pelo 1º Comando de Policiamento de Área (CPA) da Secretaria de Estado de Polícia Militar constatou que, entre 01 de janeiro e 31 de agosto, foram efetuadas 1.312 prisões e apreensões de adolescentes envolvidos em prática de roubo e furto. Desse total de pessoas conduzidas às delegacias da área, 172 (13%) eram reincidentes".

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