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Uma ponte entre cinema e som

Mostra Play The Movie, do festival Coquetel Molotov, movimenta o Terraço do Paço Alfândega, com cine-concertos de bandas locais

As TrapaceirasAs Trapaceiras - Foto: Divulgação

Formada por integrantes da banda de Johnny Hooker, o grupo pernam­bucano Madim­boo foi criado a partir da convivência entre o programador Artur Dantas, o guitar­ris­ta Felipe Rodrigues e o bate­rista Thiago Duarte nos dois últimos anos da turnê do disco “Eu Vou Fazer uma Macumba Pra Te Amarrar, Maldito!”. Po­rém, diferente do tra­balho que exerce com o can­tor, o trio trilha um caminho mais uniforme no EP “Candeia”, que foi lançado nes­te ano apresentando a abordagem de um tropicalismo pop.

O repertório de três músicas do disco constrói uma narrativa sobre diferentes momentos das relações humanas e será parte da trilha sonora do filme “A Idade da Terra”, lançado por Glauber Rocha em 1980, num evento que une música e cinema. A ponte entre a Madimboo e o longa-metragem é um dos cine-concertos da mostra Play The Movie, que ocorre nesta terça e quarta-feira, a partir das 18h30. A Madimboo se apresenta no último dia e, enquanto o filme for exibido, a banda tocará ao vivo no Terraço do Paço Alfândega, no Recife Antigo, que será o endereço do evento.  

“É um filme do cineasta brasileiro mais pop que já existiu. É um delírio audiovisual de colagens sobre a histo­ria do Brasil. Acreditamos ser um caminho interessante para nossa música como reflexão antropofágica em ple­no 2016”, justificou Artur Dan­tas, que também é vocalista do projeto, sobre a escolha. Em fase de pré-produção do primeiro álbum da Madim­boo, o trio adianta algumas músicas inéditas que estão no próximo trabalho, que manterá a mesma linha estética do EP. “Antes de ser Madimboo, eu já tinha começado a esboçar o som me baseando em muito coisa que ouvia em minhas composicões, como Talking Heads e LCD Soundsystem. 


Após a entrada dos outros músicos, busquei me influenciar em compositores brasileiros tropicalistas como Caetano Veloso, Jorge Ben, João Donato, mas acho que isso se deve pela influência de nossa aproximação musical. Foi bem natural encorpar esses elementos de forma direta ao som”, conclui Artur. 

Mais enxuto

Mesmo com a programação reduzida em relação às edições anteriores, a mostra Play The Movie, que é o braço cinematográfico do festival No Ar Coquetel Molotov, man­tém os cine-concertos como atração principal. A abertura nesta terça, por sua vez, contará apresentação do projeto Besta Fera, enquanto será exibido um fractal de vários filmes do alemão Werner Herzog, buscando construir o conceito de ser humano, natureza, animal e humano-monstro. 

Formado pelos músicos Caio Lima, Filipe Niero, Gabriel Mago, Amaro Mendonça, Silva, Vinícius Nunes e João Marcelo, o grupo explora pós-rock, funk e afrobeat através de música majoritariamente instrumental. Com a proposta de trazer um repertório novo a cada apresentação, todas as músicas foram criadas para acompanhar as imagens.

Além dos cine-concertos, cada dia contará com a exibição de um curta e um longa metragem. Nesta terça serão apre­sentados “Evandro Abre Um Bar”, de Túlio Falcão, so­bre as várias facetas do IRAQ, que é um dos inferninhos do bairro da Boa Vista, no Recife.

Na mesma noite será exibido “Time Will Burn”, de Mar­ko Panayotis e Otávio Sou­sa, que traz um recorte das cenário do rock nacional no final dos anos de 1980. Na quarta-feira, os títulos “Cada Qual Seu Samba”, de Iuri Lannes, e “Outro Lado Disco”, de Rodrigo Lariu, que repassa a história das gravadores e selos independentes do Brasil. A entrada é gratuita.

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