Veja discurso de posse de Cacá Diegues na ABL em 2019
Morto nesta sexta-feira (19), cineasta ocupava a cadeira 7 da instituição
"Temos sofrido um vendaval de paixões polarizadas e histéricas", discursou o diretor, produtor e escritor Cacá Diegues, ao assumir a cadeira 7 da Academia Brasileira de Letras (ABL), em 2019.
Morto nesta sexta-feira (14), aos 84 anos, Cacá sucedia o também cineasta Nelson Pereira dos Santos na instituição.
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Em seu discurso de posse, Cacá relembrou o seu início no Cinema Novo, movimento que ele define como "a chegada do modernismo no cinema".
A sua geração, lembrou o cineasta, queria não apenas fazer um cinema para a nação, mas também uma nação de cinema.
"Agora, os tempos são outros", disse ele. "Há um desejo latente de valorizar a vulgaridade e o homem dito 'normal', aquele que só reproduz os piores valores de nossa ignorância, sem sonhos nem fantasias, num horizonte sombrio e sem surpresas. A criação, hoje, corre o risco de se tornar prisioneira dessa consagração da platitude, onde o único valor reconhecido e respeitado é o da morte elevada a uma desimportância consagradora”.
Cacá demonstrou ainda sua preocupação com o futuro do país:
"Só estaremos à altura de nossa missão artística e intelectual, de nosso papel na dinâmica entre pensamento e realidade, se entendermos o que dizia dom Miguel de Unamuno, o mestre de Salamanca: 'Somos mais pais de nosso futuro, do que filhos de nosso passado'. Falo de um futuro sem queixas que nos imobilizem e com projetos pelos quais lutar, construindo o país e a cultura que ele merece".
O ocupante da cadeira 7 da ABL foi homenageado pela instituição em um stories publicado no instagram nesta sexta-feira.