Velório de Zé Celso começa no Oficina, e amigos cantam e dançam músicas preferidas do diretor
Fãs, familiares e pessoas próximas lotam a sede da companhia de teatro criada pelo ator e diretor
Cerca de 500 pessoas, entre atores, músicos, colegas e fãs de Zé Celso Martinez estão, na noite desta quinta-feira (6), no Teatro Oficina para o velório do corpo do diretor para uma grande celebração da “vida”, como traduziu o que será a noite seu marido, o ator e diretor Marcelo Drummond, que é abraçado por todos. Músicos cantam algumas das canções favoritas de Zé, como “Dindi”, “Nanã” e “Wave”.
Às 22h, depois de limparem o chão do Oficina, atores e público cantaram em coro “Carinhoso” e “Eu sei que vou te amar”, acompanhados de piano. Entre as músicas todos gritaram por vários minutos “Viva! Viva! Viva!” e “ Zé Celso presente!”. A limpeza foi uma preparação para a chegada do corpo de Zé Celso, que ocorreu por volta das 22h40. Parte do público foi recepcionar o dramaturgo na rua, enquanto os demais se distribuíram entre os espaços na plateia.
Muitas pessoas chegaram ao Oficina com palmas verdes, como Zé Celso gostava de usar em seus espetáculos. Os visitantes ocupam todos os espaços do Oficina, e amigos foram ao palco para contar histórias de Zé Celso. Há gente deitada no chão do Oficina, muito choro mas também brindes e gritos de Evoés.
— Não há um roteiro para o que vai acontecer aqui hoje, mas temos um repertório imenso, cada vez chegam mais atores e músicos, será uma celebração à vida — disse Drummond antes do início do velório, acrescentando que esta noite o Oficina fará uma festa para Zé Celso. — Vamos fazer hoje o que ele nos ensinou. E, para quem não puder vir e for acompanhar de casa, digo que está sendo muito, muito difícil, mas a gente está vivo. Vivam! Com vontade, com intensidade, de todas as maneiras que considerarem bela. Vivam!
Enquanto aguardavam a chegada do corpo de Zé Celso, as centenas de pessoas que vieram homenagear o diretor no Teatro Oficina entoaram algumas de suas músicas favoritas tocadas por músicos que se apresentaram em muitos espetáculos do Uzyna Uzona. Foi especialmente emocionante o coro em “O amor”, de Caetano Veloso, imortalizada por Gal Costa. Quando cantaram o verso que pede “ressuscita-me” o fizeram com razão de ser e emoção de sobra.
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O deputado estadual Eduardo Suplicy (PT) discursou em homenagem ao dramaturgo e cantou uma música de Bob Dylan, como costuma fazer. Mencionou a disputa entre Zé Celso e o empresário Silvio Santos, dono do SBT, em torno do uso do terreno ao lado do teatro.
— Senti no fundo do coração, da alma. Ele era mais do que meu amigo, era meu irmão — declarou o político, que foi muito aplaudido. — Em agosto, precisamos aprovar o projeto de lei que cria o parque aqui ao lado. Precisamos fazer isso em homenagem a Zé. Faço um apelo ao Silvio para que não crie nenhum obstáculo. Estou conversando com os vereadores. Vai ser muito especial. Peço com carinho ao Silvio que abrace essa causa.
Um telão foi instalado do lado fora, na Rua Jaceguai, para as pessoas que estão na rua acompanharem. E no prédio, projeções de imagens de Zé com frases como “Zé Celso Presente”, “Evoé Zé” e “Zé Celso Vou Pro Infinito”.
As portas do Oficina, no Bixiga, na região central de São Paulo, estão abertas e assim ficarão a noite toda. O teatro ficará aberto até as 9h. Entre 9h e 11h, só familiares e amigos poderão ficar no local. Às 11h, o corpo será cremado em local ainda não divulgado.