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Vencedor de dois Oscars, diretor iraniano perde processo de plágio movido por ex-aluna

Asghar Farhadi, que venceu o prêmio por A Separação e O Apartamento, teria constrangido a estudante a assinar um documento que compravaria que a ideia do filme era sua

Diretor de cinema iraniano Asghar Farhadi Diretor de cinema iraniano Asghar Farhadi  - Foto: Reprodução/Instagram

O diretor de cinema iraniano Asghar Farhadi perdeu o processo de plágio movido por uma ex-aluna, que o acusava de roubar uma ideia sua, em seu último filme "Um herói", lançado em 2021.  Farhadi também perdeu um processo de difamação que havia movido contra Azadeh Masihzadeh. Ele deverá ainda recorrer da decisão, de acordo com o advogado do cineasta.

Farhadi venceu o Oscar de Melhor Filme Estrangeiro duas vezes. A primeira foi em 2011, pelo filme A Separação, e a segunda em 2017, por O Apartamento.

“Um herói” acompanha Rahim (Amir Jadidi), um homem que deixa a prisão com uma licença de dois dias. Neste período, encontra uma bolsa repleta de moedas de ouro. Inicialmente, ele pensa em usar o dinheiro para pagar suas dívidas. Mas, ao descobrir que as moedas não valiam tanto assim, ele decide encontrar o verdadeiro dono e devolver o valor, pensando que a atitude pode ajudá-lo a passar a imagem de um homem honesto.

A trama chamou a atenção de Masihzadeh, que, em 2014, participara de um workshop de documentário conduzido por Farhadi em Teerã. Na ocasião, o cineasta pediu aos alunos que pesquisassem histórias reais e fizessem um curta-metragem com o tema “devolvendo coisas perdidas”.

A maioria dos curtas usou como base histórias divulgadas em grandes órgãos de mídia do Irã, mas Masihzadeh resolveu contar uma história de sua cidade local, Xiraz, na qual um homem deixava a prisão e encontrava uma sacola com ouro, e decidia devolvê-la. O curta recebeu o nome de “All winners, all losers” (“todos ganhadores, todos perdedores” na tradução literal).

Em conversa com a revista “The Hollywood Reporter”, outros alunos do curso de Farhadi lembram que o diretor teria ficado muito impressionado com a obra da aluna. O cineasta afirma que foi o responsável pela ideia, e reforça que o caso original foi sim divulgado na mídia nacional.

Em 2019, antes de começar a rodar “Um herói”, o diretor chamou Masihzadeh em seu escritório e a pediu para assinar um documento atestando que foi dele a ideia para “All winners, all losers”. A ex-aluna assinou o documento. Hoje, ela atesta que se sentiu pressionada por aquele que é o maior nome do cinema em seu país.

Através de sua advogada, Sophie Borowsky, o diretor afirma que a história é livremente inspirada em um fato real, e que a ideia nasceu a partir de versos de “A vida de Galileu”, de Bertolt Brecht.

Além do processo da ex-aluna, Farhadi também foi acionado na justiça pelo senhor Shokri, o homem real que inspirou as histórias de “All winners, all losers” e “Um herói”, e que considera ter sido retratado negativamente em cena. Sobre tal acusação, o cineasta reforça que não se trata de uma cinebiografia, e que não usa nomes ou elementos reais. 

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