Vencedor do Prêmio Sesc, Diogo Monteiro abraça de vez a literatura
"O que a casa criou", livro de contos do escritor pernambucano, será lançado pela editora Record
Para qualquer escritor, receber uma premiação literária de grande reconhecimento é mais do que bem-vindo. E quando isso ocorre logo no começo da carreira de um autor, então, é como se bons ventos soprassem na direção de um futuro promissor. Essa tem sido a experiência vivenciada pelo pernambucano Diogo Monteiro, de 43 anos, agraciado recentemente com o Prêmio Sesc de Literatura, um dos mais importantes do gênero no Brasil.
Jornalista de formação e escritor por vocação, Diogo afirma ter ficado surpreso ao receber o resultado do concurso. Ao lado do paraense Fábio Horácio-Castro, seu nome figura entre os dois vencedores da edição 2021 do prêmio, que contou com 1688 inscrições. A iniciativa, que existe desde 2003, tem como objetivo revelar novos autores.
“Eu realmente não esperava. Havia me inscrito por insistência de algumas pessoas próximas, mas sem muita expectativa, até por saber que a concorrência era grande. A ficha demorou alguns dias para cair de verdade”, afirma o autor, que vê na vitória um passo importante na sua trajetória. “Além de ser uma chancela para o mercado editorial, o prêmio funciona como uma espécie de certificado de qualidade. É a prova de que eu não estou fazendo a coisa errada”, aponta.
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O livro com o qual Diogo foi selecionado é o ainda inédito “O que a casa criou”. A coletânea de contos reúne textos desenvolvidos pelo autor ao longo dos últimos dez anos. “São histórias que foram surgindo ao longo do tempo, mas sem um projeto definido. À medida que ia escrevendo, fui percebendo que havia uma conexão entre elas, mesmo tendo personagens e situações diferentes”, relembra.
Para o escritor, todos os 16 contos que compõem a publicação têm em comum a possibilidade de encontrar o inusitado a qualquer momento. “O sentimento de que o espanto pode surgir do banal é o que liga essas histórias. É uma atmosfera muito bem definida pelo conto principal, que dá nome ao livro”, diz. A obra deve ser lançada até o final do ano, com tiragem inicial de dois mil exemplares, através da editora Record.
Primeiro livro
Esse será o segundo livro que chega ao público assinado por Diogo, que já participou de algumas coletâneas e teve textos publicados em revistas literárias. Sua estreia ocorreu em abril, quando o infantojuvenil “Relógio de Sol” foi lançado pela editora pernambucana Vacatussa. Com ilustrações do artista Yellow, a obra mostra a incursão do escritor por um universo mais fantasioso.
“Escrevi esse livro há dez anos atrás, quando eu morava em Brasília. Costumava fazer caminhadas no Parque Olhos D’Água, onde havia um relógio de sol isolado e abandonado. Não estava acostumado a trabalhar pensando em uma narrativa fabular, mas ela acabou vindo naturalmente”, conta.
Carreira literária
Atualmente, Diogo trabalha com pesquisa de opinião e estratégia, mas já atuou em diversos veículos de comunicação, como a Folha de Pernambuco, onde integrou as editorias de Política e Cultura. Segundo o pernambucano, foi o gosto pela escrita que o levou a escolher o jornalismo como profissão. A paixão pela literatura vem sendo alimentada desde a infância, por meio da leitura de atores que vão desde a “Rainha do Crime” Agatha Christie até o icônico Franz Kafka, passando pelos brasileiros Guimarães Rosa e Raduan Nassar.
A partir de agora, a meta de Diogo é abraçar de uma vez por todas sua vocação de criar histórias, mesmo ciente das dificuldades enfrentadas pelo mercado editorial no Brasil. “A literatura sempre lutou para ser viável mercadologicamente. Vivemos, além da crise enfrentada por livrarias e editoras, um ataque diário à cultura como um todo e por quem se diz autoridade política competente. Escrever é uma forma de resistência e o próprio concurso do Sesc manda a mensagem de que, por mais que tentem, a cultura não se acaba. Espero que a gente passe logo por isso”, deseja.
Material para futuras publicações não deve faltar. O escritor tem na gaveta um romance e vários contos, todos ainda em processo de criação. “O momento agora é de aproveitar a repercussão e vamos ver o futuro. Uma certeza eu tenho: se até pouco tempo atrás eu era um escritor extemporâneo, o prêmio trouxe a vontade de me dedicar a isso como ofício. A literatura não vai mais deixar de ser parte principal da minha vida”, promete.